
Dez propósitos do Jejum
Não
veja o jejum como uma espécie de penitência que você faz com o intuito
de persuadir a Deus a fazer algo que ele não quer fazer. O jejum não
muda a Deus. Ele é o mesmo antes, durante e depois de seu jejum. Mas,
jejuar com certeza mudará você. Vai lhe ajudar a ser mais sensível ao
Espírito de Deus.
O
jejum não atinge a Deus, mas toca em nossa carne. O jejum não tornará
Deus mais bondoso ou misericordioso para conosco, mas ele está
relacionado à nossa necessidade de romper com as barreiras e limitações
da carne e do corpo. O jejum desperta o nosso espírito pois mortifica a
carne e aflige a nossa alma.
Qualquer
um que procura mais intimidade com Deus já percebeu o quanto o nosso
corpo pode ser um obstáculo para essa comunhão. Quando jejuamos o corpo
se abate, o nosso espírito se levanta e nossa fé é liberada com mais
ousadia e podemos ter mais enchimento do Espírito Santo.
Não é por acaso que o Senhor Jesus falou da ilustração dos odres novos e velhos justamente quando ensinou sobre o jejum.
“Ninguém
põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres;
e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres
novos.” (Mc.2:22).
O
odre era um recipiente feito de couro usado para colocar o vinho no seu
processo de fermentação. O problema é que o odre quando ficava velho se
ressecava e perdia a elasticidade. O vinho novo, ainda em processo de
fermentação, precisava ser colocado num odre novo que pudesse se
expandir na medida em que ele fermentasse. Se o vinho novo fosse
colocado naquele odre velho e ressecado ele se romperia por causa da
expansão causada pela fermentação.
Com
essa ilustração Jesus estava ensinado que o vinho novo que Ele traria
(o Espírito Santo) deveria ser colocado em odres novos, e o odre (ou
recipiente do vinho) é o nosso corpo. Creio que o Senhor está dizendo
com isto que o jejum tem o poder de “renovar” o nosso corpo. A Escritura
ensina que a carne milita contra o espírito, e a melhor maneira de
receber o vinho do Espírito, é entrando num processo de mortificação da
carne.
Todo
homem de Deus concorda que o propósito primário do jejum é mortificar a
carne para nos fazer mais sensíveis ao Espírito Santo. Não pense,
porém, que o jejum tem algum poder nele mesmo como uma espécie de poder
mágico. Não tenha fé no jejum, tenha fé em Deus.
O
jejum ajuda a liberar a fé! O que nos dá vitória sobre o inimigo é o
que Cristo fez na cruz e a autoridade do seu nome. O jejum em si não nos
faz vencer, mas libera a fé para o combate e nos fortalece, fazendo-nos
mais conscientes da autoridade que nos foi delegada.
Mas
apesar do propósito central do jejum ser a mortificação da carne, vemos
vários exemplos bíblicos de outros motivos para tal prática:
1. O jejum ajuda na preparação para um trabalho especial
Os
jejuns feitos por Moisés e Elias foram sobrenaturais, pois um ser
humano não pode sobreviver por quarenta dias sem beber água. Todavia o
princípio demonstrado pelo exemplo deles permanece. Antes de iniciarmos
uma obra especial designada por Deus precisamos orar e jejuar. A obra
que desempenharam era tremendamente grande dai a necessidade de um jejum
sobrenatural. O nosso chamado também exigirá de nós um tempo de oração e
jejum.
O
Senhor Jesus jejuou quarenta dias antes de começar o seu ministério,
mas parece que ele bebeu água, pois ao final se diz que ele teve fome e
não sede (Lc.4:2). A preparação do Senhor para iniciar o seu ministério
envolveu muito jejum e oração.
O
Jejum certamente está associado com uma unção nova para realizar a obra
de Deus. Pastores deveriam ser ordenados ao ministérios depois de um
período de jejum e os líderes deveriam jejuar antes de assumirem
qualquer encargo na igreja local.
2. O jejum está associado com o arrependimento
Depois
de ouvirem a pregação de Jonas os ninivitas se arrependeram com jejum.
As escrituras afirmam que tal foi o arrependimento deles que até os
animais tiveram de jejuar (Jn. 3:5-8).
Não
é por acaso que logo depois de se encontrar com o Senhor no caminho de
Damasco, Paulo jejuou três dias antes que Ananias fosse ter com ele
(Atos 9:8-9). Paulo jejuou porque o arrependimento profundo envolve
renúncia e abstinência. Onde há arrependimento verdadeiro, ali haverá
choro e não festa, jejum e não banquete.
3. O jejum está ligado com o poder espiritual
Depois
que os discípulos tentaram expulsar o demônio e não conseguiram Jesus
disse que há certas castas que só saem com oração e jejum.
Então,
os discípulos, aproximando-se de Jesus, perguntaram em particular: Por
que motivo não pudemos nós expulsá-lo? E ele lhes respondeu: Por causa
da pequenez da vossa fé. Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé
como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e
ele passará. Nada vos será impossível. Mas esta casta não se expele
senão por meio de oração e jejum. Mt 17:21
O
jejum em si mesmo não tem poder algum. Mas quando estamos de jejum a
nossa oração é intensificada e a fé é liberada e nestas circunstâncias o
poder de Deus pode ser liberado. Existe uma profunda ligação entre
poder espiritual e jejum. Se nos sentimos vazios e sem poder espiritual,
então é tempo de buscar a Deus com jejum e oração.
4. O jejum está ligado a tempos de tribulação
Se
o jejum tem a capacidade de liberar a nossa fé, então ele é
absolutamente vital em tempo de luta e tribulação. Podemos ver isso em
muitos lugares da Palavra de Deus. Quando Hamã se levantou para destruir
o povo de Deus, Ester pediu que todo o povo jejuasse três dias pela
libertação (Et. 4:16).
A
verdade é que o jejum libera um nível novo de fé. O que mais precisamos
nos dias de guerra é de fé. Se você está enfrentando um tempo de lutas
espirituais faça a proclamação de um jejum na sua casa (Ed. 8:21-23.)
Tocai a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum, proclamai uma assembléia solene. Joel 2:15
5. O jejum ajuda a vencer as tentações
O jejum de quarenta dias que Jesus realizou revela o método mais eficaz de enfrentar Satanás e suas tentações, derrotando-o.
A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. Mt. 4:1
O versículo dois do capítulo quatro do Evangelho de Lucas declara que:
Durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo. Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome. Lc. 4:2
Quando
Jesus foi conduzido ao deserto pelo Espírito Santo para ser tentado
pelo diabo, Ele entrou em um tempo prolongado de oração e jejum por
quarenta dias. Sabemos que o Senhor não faz nada por acaso. Então
podemos dizer que sem esse tempo de Jejum ele não poderia vencer aquelas
tentações.
Há
certos tipos de pecados que nos assediam de forma tão extraordinária
que eles somente podem ser vencidos com jejum e oração. Foi o Senhor
quem disse: Esta casta não pode sair senão por meio de oração e jejum.
Mc. 9:29
6. O jejum está associado com a Intercessão
A grande oração de intercessão feita por Daniel foi acompanhada de jejum e pranto (Dn.9:3, 10:2,3).
O
segundo período de quarenta dias de jejum de Moisés tinha como objetivo
a intercessão pelo povo, por causa do pecado que haviam cometido contra
Deus e a ameaça de destruição. Dt. 9:18-20
Aqueles
que provam da intimidade com Deus serão dominados pelo mesmo amor e
compaixão pelos perdidos. O jejum está profundamente relacionado com o
nosso encargo de orar pela salvação dos amigos e parentes que ainda
estão sem Cristo. Sentenças de morte podem ser revogadas, transgressões
podem ser perdoadas e os corações podem ser transformados quando
intercedemos diante de Deus em jejum.
7. O jejum nos ajuda a crescer na vida cristã
O
jejum não é um mandamento, mas Jesus diz que ele faria parte de nossas
vidas assim como a oração e a contribuição. No capítulo 6 de Mateus
quando Jesus dava a constituição do reino ele falou de três coisas que
todo discípulo deveria fazer e ensinou a maneira correta de fazê-las.
Ele disse:
- “Quando deres...”(v. 2);
- “Quando orardes...” (v. 5) e
- Quando jejuardes...” (v. 16).
Ofertar,
orar e jejuar são as três dobras de uma corda espiritual que não pode
se romper (Ec. 4:12). Essas três coisas quando praticadas juntas
produzem solidez na vida do discípulo. Todos concordam com a importância
da oração, alguns ofertam sistematicamente, mas muito poucos cristãos
realmente possuem a disciplina do jejum. Precisamos apenas nos lembrar
que se Jesus, que podia todas coisas, teve de jejuar, muito mais nós
teremos de jejuar para romper com as cadeias espirituais.
Mateus
9:15 é a passagem mais importante sobre jejum. Ali Jesus afirmou que
quando o noivo fosse retirado então os convidados jejuariam. Hoje é o
tempo em que o noivo nos foi tirado, portanto, hoje é o tempo em que
devemos jejuar.
Paulo é para nós um modelo e ele também diz que o jejum era parte integrante de sua vida cristã (II Cor. 6:5).
8. O jejum intensifica a nossa comunhão com Deus
Lucas
2:37 afirma que Ana não saía do templo, mas adorava noite e dia em
jejuns e oração. O jejum é uma grande ferramenta para aumentar nossa
sensibilidade espiritual e assim propicia a comunhão mais íntima com o
Senhor.
Atos
13:2 também diz que os líderes da igreja de Antioquia serviam a Deus
com jejuns. Não podemos dizer que servimos a Deus da maneira do homens
de Deus do Novo Testamento se não jejuamos (At.13:2).
O
jejum intensifica a nossa comunhão com Deus por meio da oração e também
demonstra a intensidade do nosso desejo por aquilo que estamos buscando
diante de Deus. Se jejuamos para buscar intimidade isso mostra que
ansiamos pelo Senhor mais do que pela comida.
Em I Coríntios 6 Paulo diz que o Cristão não deve ser dominado por coisa alguma.
Todas
as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são
lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. I Cor. 6:12
O
jejum é uma forma de disciplinarmos nosso corpo para não sermos
dominados por coisa alguma. Alguns gostam de afirmar que não conseguem
viver sem isso ou aquilo, mas um cristão só pode dizer que não vive sem o
Senhor. Precisamos esmurrar o nosso corpo e o reduzir a escravidão para
sermos aprovados diante de Deus (I Cor. 9:27, Sl. 35:13).
Certamente
não há nada mais grandioso que permanecer na presença poderosa de Deus
Pai. Mas essa intimidade profunda está disponível somente para aqueles
que deixam até mesmo as necessidades mais básicas da vida a fim de se
concentrarem inteiramente em Deus.
9. O jejum nos ajuda a receber a Palavra
“Eu te darei todos os mandamentos, estatutos e juízos que tu lhes hás de ensinar..”. Dt 5:31
A
coisa mais importante na vida de um homem de Deus é receber a Palavra
viva do Senhor. Não podemos falar da parte de Deus, se não recebemos a
sua Palavra revelada. O jejum é a maneira de Deus para nos prover de
toda instrução e revelação espiritual.
Moisés
foi chamado para o monte para receber a revelação da palavra de Deus,
mas para isso ele deveria subir em jejum. Dt. 9:9-10
10. A disciplina do jejum nos protege do erro
Paulo
se referindo aos falsos mestres diz que “o destino deles é a perdição, o
deus deles é o ventre (estômago), e a glória deles está na sua infâmia,
visto que só se preocupam com as coisas terrenas (Fp 3:19). Temos de
ter cuidado para não permitir que o estômago comande a nossa vida e seja
o nosso deus. Alguns, na verdade, obedecem o estômago mais do que o
próprio Deus.
Comer
em si não é uma coisa má e não é o inimigo. Mas quando o desejo de
comer está acima de tudo ele se torna um perigo. Um desejo mais forte
de comer do que buscar a Deus torna-se um inimigo. Você pode abrir mão
de uma refeição para gastar tempo com Deus?
Quantas
vezes nós temos faltado nosso tempo com Deus porque acordamos atrasados
e decidimos tomar café da manha em lugar de ler a Bíblia? Pois é.
Quem é o seu Deus?
Eu
creio que uma vez que você decide jejuar o Senhor lhe dará uma graça
especial para chegar ao fim, porque o Senhor olha o coração. Mas você
terá de tomar a decisão de tirar o seu estômago do trono e isso envolve
disciplina. Não existe discipulado sem disciplina e não existe
disciplina mais importante que o jejum.
Uma
vez eu ouvi alguém dando um conselho dizendo para uma moça que o
caminho para o coração de um homem passa pelo seu estômago. Eu imagino
que isso seja verdade e que o diabo sabe disso também.
Existem
muitos exemplos bíblicos que mostram o quanto a indisciplina com a
comida pode ser negativa. Desde o princípio, por exemplo, nós sabemos
que o homem caiu pelo estômago. Você e eu sabemos que o homem só caiu no
Édem por que ele viu que “a árvore era boa para se comer e agradável
aos olhos” (Gn. 3:6). O estômago foi o primeiro a cair. Foi depois de
uma refeição agradável que o homem se escondeu no meio das árvores do
jardim. E hoje sofremos as consequências do apetite deles.
Um
outro exemplo é Sodoma e Gomorra. Nós sempre pensamos que o pecado de
Sodoma e Gomorra estava relacionado com sexo e perversões. Isto
certamente está em Gênesis, mas nem todos sabem que a comida foi também
uma causa. Ez. 16:49-50.
Veja
as três causas aqui: soberba, fartura de pão e próspera tranquilidade. A
história sempre se repete, onde há ociosidade e fartura de comida ali
surgirá a sensualidade e toda sorte de dissolução.
Você também já deve ter ouvido falar de Esaú, o irmão de Jacó. Ele perdeu a bênção por causa de um prato de comida.
Jacó
possuía muitos erros, mas no fim recebeu a bênção no lugar de Esaú. E
porque Esaú perdeu a bênção? Ele talvez fosse uma pessoa melhor do que
Jacó, mas era escravo do seu estômago. (Gn. 25:32 e 34).
O autor de Hebreus nos adverte para não sermos como Esaú que foi chamado de impuro e profano. Hb. 12:16.
Trocar coisas espirituais por comida é se tornar impuro e profano aos olhos de Deus.
Por
fim todos conhecemos o exemplo do povo de Israel murmurando no deserto.
Depois que Deus libertou o povo da escravidão do Egito ele os conduziu
para o deserto onde por quarenta anos os sustentou com o maná. Eles
nunca ficaram doentes, porque era uma comida perfeita dos céus. No
entanto a Bíblia diz : Nm. 11:4-6.
Deus
ouviu a reclamação deles e, como qualquer filho pode testemunhar, não é
uma boa ideia reclamar da comida da mãe. Então o Senhor disse: Nm.
11:18-20. E eles comeram até se empanturrarem, mas enquanto ainda
estavam com a carne entre os dentes veio o juizo sobre eles e muitos
morreram (v. 33).
Deus
tinha bênçãos sobrenaturais para os israelitas no deserto, mas eles
preferiram seus apetites do corpo. Muitos não têm recebido mais de Deus
porque ainda são governados pelo rei estômago. Deus quer derramar suas
bênçãos sobrenaturais em nossas vidas, mas precisamos entender que ele
deseja que jejuemos e oremos.
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