sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Décimo Segundo Dia A experiência da graça - Jejum De Daniel

Em todas as suas epístolas, Paulo faz sempre a mesma oração. Ele sempre ora por espírito de
sabedoria e de revelação (Ef 1.16-18; Fp 1.9; Cl 1.9). O trabalho do diabo tem sido manter as
pessoas cegas para a maravilhosa graça do Senhor. Primeiro, ele faz isso cegando o
entendimento dos incrédulos, impedindo que neles resplandeça a luz do conhecimento de Cristo
(2 Co 4.4). Mas depois ele tenta impedir o crente de avançar mantendo-o preso às obras da lei. A
brecha que o diabo usa para agir com o espírito de engano é a própria insensatez dos crentes.
A mensagem do evangelho é algo coerente e lógico. Não é algo meramente doutrinário, um
simples ensino que recebemos, mas trata-se de uma profunda experiência espiritual. O Cristo que
recebemos não é meramente uma figura história, mas o Filho de Deus crucificado.
A mensagem do evangelho é que o pecador não pode ser justificado diante de Deus por causa de
suas boas obras, mas unicamente por causa da obra de Cristo na cruz. Não é uma questão do
que o homem pode fazer para Deus, mas a verdade do que Cristo fez por ele.
A mensagem do evangelho não é um bom conselho para os homens seguirem, e nem é um
conjunto de regras para os homens praticarem. O evangelho é uma declaração do que Deus já
fez. Não é uma exigência, mas uma oferta. Precisamos ter cuidado para, depois de receber esse
evangelho, não acrescentarmos a ele as boas obras religiosas.
Existem dois princípios de vida opostos e conflitantes: a pregação da fé e as obras da lei. Nunca
pense que a lei é apenas um aspecto do evangelho de Cristo. Não é. São duas propostas de vida
mutuamente excludentes. Se vivemos pela lei, anulamos a graça; e, se vivemos pela graça, já não
estamos mais debaixo da lei.
O que são as obras da lei? É toda tentativa humana de ter méritos diante de Deus. Sempre que
buscamos merecer algo de Deus, estamos agindo com base nas obras da lei. Mas todas as vezes
que confiamos na graça, estamos aceitando a pregação da fé. Como a lei é baseada nas obras,
ela não exige fé, mas aquele que depende da graça precisa crer na obra da cruz.
A lei diz: “Faça isso”; mas evangelho diz: “Cristo já fez tudo”. A lei exige obras humanas; o
evangelho exige fé na obra de Cristo. A lei faz exigências; o evangelho faz promessas. A lei exige
obediência; mas a graça nos desafia a crer. Assim, a lei e a graça do evangelho se opõem um ao
outro.
Em sua tentativa de mostrar aos irmãos da Galácia o erro de confiar nas obras da lei para se
santificarem, Paulo lhes faz três perguntas em Gálatas 3.2-5:
• Vocês receberam o Espírito pela lei ou pela graça? (v. 2).
• Vocês começaram na graça e agora estão tentando se aperfeiçoarem pela lei? (v. 3).
• Vocês receberam os milagres de Deus com base na graça ou na lei? (v. 5).
Essas três perguntas nos ajudam a entender como recebemos o Espírito e todos os milagres de
Deus. E a resposta para todas elas é a mesma: não pelas obras da lei, mas pela pregação da fé.
Deus nos concede o Espírito não porque obedecemos à lei, mas porque cremos no evangelho.
Ninguém jamais recebeu um milagre de Deus por causa de suas boas obras e bom
comportamento, todo milagre é segundo a graça para aquele que não tem justiça própria.
Nunca devemos estabelecer uma doutrina com base em nossa experiência, mas toda experiência
genuína apenas comprova a verdade do evangelho. É exatamente isso que Paulo está fazendo,
ele está mostrando que nossa experiência com Deus é uma prova de que o evangelho é
verdadeiro.
Os gálatas não podiam negar que eles tinham tido uma experiência poderosa com Deus, tinham
experimentado a salvação pela graça. Paulo os lembra de que ele tinha ido até a Galácia e lhes
pregado o evangelho, e a maneira como ele fez isso foi expondo o Cristo crucificado diante deles.
Paulo lhes apresentou um quadro tão claro da obra de Cristo na cruz que eles creram para ser
salvos, e, por causa disso, receberam o Espírito.
Para que fossem salvos, não foi necessário que eles fossem circuncidados ou guardassem a lei,
mas foi requerido unicamente que cressem na mensagem do evangelho da graça de Deus. E,
uma vez que creram, eles receberam o Espírito. Paulo os lembra dessa experiência porque
certamente foi um grande mover espiritual. Assim como no Pentecostes, os discípulos forma
cheios do Espírito falando em línguas. Certamente, os gálatas tiveram uma experiência visível e
inquestionável com o Espírito de Deus. O Espírito neles era a prova de que não necessitavam de
nada mais que o evangelho.
Recebemos o Espírito pela graça
O evangelho é uma pessoa e crer no evangelho é receber essa pessoa para dentro de si. O
evangelho não é uma doutrina que abraçamos, mas uma pessoa que recebemos. Esta é a grande
diferença entre a graça e a lei. A lei foi dada, mas a graça veio.
Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus
Cristo (Jo 1.17).
A graça não é um ensinamento ou doutrina, a graça é o próprio Senhor Jesus. A lei exige
obediência e submissão, mas a graça nos oferece um relacionamento com uma pessoa. Isso é o
que torna a mensagem do evangelho única. Todas as religiões do mundo possuem códigos
morais, regras e leis, mas o cristianismo tem a ver com o relacionamento afetuoso com o Deus
Todo-Poderoso.
A maior expressão da graça de Deus é o fato de o próprio Deus vir habitar dentro de nós. A lei
somente era capaz de nos condenar, mas ela não podia nos levar a ter tal intimidade com o Pai,
mas a graça veio e cumpriu todas as exigências justas de Deus e abriu o caminho para sermos
unidos a Ele num só espírito.
Nós recebemos o Espírito pelo simples fato de que todos os nossos pecados foram perdoados e
todo impedimento para a comunhão com Deus foi destruído. Fomos justificados, e todo aquele
que é justo pode agora receber o Espírito. Nunca poderíamos ter recebido o Espírito pelo
merecimento da obediência à lei, porque a lei não tem poder para perdoar pecados. E, se os
pecados não são perdoados, não podemos ter comunhão com Deus.
Keneth Hagin conta que, certa vez, estava fazendo uma campanha de avivamento numa igreja.
No momento do apelo, ele percebeu que uma irmã que estava sentada à frente seria cheia do
Espírito. O problema é que aquela irmã se sentia mais pecadora que os outros por causa dos
seus constantes problemas espirituais. Ele, então, lhe fez uma pergunta antes de orar por ela.
“Você crê que, se morresse agora, você seria salva e entraria no céu?”. A mulher prontamente
respondeu: “Oh, claro que sim! Eu creio no Senhor Jesus como meu salvador e por isso sou
salva”. Diante disso, ele lhe deu uma palavra de sabedoria: “Se você está apta para entrar no céu
por causa do sacrifício da cruz, então também está apta para que o céu entre em você. Os seus
olhos foram abertos e naquele instante ela foi cheia do Espírito.
A única condição para recebermos de Deus é crermos na Sua graça. Crer na graça significa
reconhecer que não possuo nenhum mérito e confio unicamente na obra perfeita do Senhor Jesus
na cruz. Ninguém nunca receberá o Espírito por causa de suas boas obras e bom comportamento.
Ele nos é dado pela graça.
Como recebemos a Cristo, assim andamos n’Ele
Não existe igreja que ensine que se deve seguir somente a lei, eles ainda creem na graça. Eles
creem que somos salvos pela graça, mas que devemos nos santificar pela lei do esforço próprio e
do merecimento. Eles dizem que a salvação é pela graça, mas todas as outras bênçãos de Deus
depende de nosso merecimento.
Mas a verdade é que a vida cristã deve ser vivida do mesmo modo como a recebemos. A ordem
bíblica é clara: “Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele” (Cl 2.6). Como
recebemos a Cristo? Foi pelas obras da lei? Claro que não! Nós O recebemos pela graça
mediante a fé. Então, como devemos viver a vida cristã agora? Da mesma maneira que O
recebemos, pela graça mediante a fé.
Muitos começaram crendo na graça, mas depois passam a depender das obras para se relacionar
com Deus. Antes, você cria no favor imerecido, mas agora acha que precisa merecer o favor de
Deus? Não comece na graça para depois tentar terminar na lei. O problema é que muitos creem
que foram justificados pela graça, mas agora pensam que precisavam se santificar pela lei.
Todavia, tanto a justificação como a santificação provêm da nossa fé exclusivamente na obra
consumada do Senhor Jesus.
É muito fácil perceber se estamos tentando nos santificar pela lei ou pela graça. Basta observar se
aquilo em que cremos coloca a ênfase no que precisamos fazer ou no que Jesus já fez. Você vive
introspectivo, sempre olhando para si mesmo, para seu desempenho e suas falhas? Ou você tem
tirado os seus olhos de si mesmo e os tem colocado em Cristo Jesus?
Quando você está firmado na graça, você experimenta uma grande sensação de segurança e
confiança em Cristo. Quando sua confiança estiver no seu favor imerecido, e não em seu
desempenho, você terá fé para vencer todo pecado.
O problema é que as pessoas acreditam mais na lei do que na graça para levar o crente a vencer
o pecado. Na verdade, sempre que falamos da graça, elas ficam atemorizadas de que isso leve as
pessoas ao pecado. Mas isso é um absurdo. A graça não estimula o pecado, mas a lei sim. Paulo
disse que a força do pecado é a lei (1 Co 15.56). Quanto mais você tenta guardar a lei e não
pecar, mais você peca.
O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei (1 Co 15.56).
Por outro lado, a Palavra de Deus diz que aqueles que receberam a graça já não estão debaixo
do domínio do pecado. Um grande sinal de que alguém provou da graça é que ele tem vitória
sobre o pecado.
Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça (Rm
6.14).
Mas como a graça pode nos ajudar a vencer o pecado? De muitas formas. Em primeiro lugar,
porque, quando sabemos que fomos perdoados, somos conquistados pelo amor de Deus, e isso
nos afasta do pecado. Quanto mais nos sentimos amados, mais nos afastamos do pecado e
procuramos agradar a Deus. É um fato da vida que filhos que se sentem amados serão mais
obedientes que filhos que não se sentem amados.
Mas a graça também significa que não somos nós quem vencemos o pecado, mas o poder de
Deus em nós. Isso significa que a vitória nos é dada, e não conquistada pelo nosso esforço. Se eu
vencesse o pecado pela minha força, eu teria do que me gloriar diante de Deus, mas se tudo é por
meio d’Ele, então Ele terá toda a glória.
Imagine um homem que tem muita dificuldade com a luxúria e com a impureza sexual. Se ele crê
na graça, ele vai acordar de manhã e dizer: “Senhor, me dê vitória hoje. Ajude-me a não desejar
mulher alguma. Não consigo superar a luxúria na minha própria força. Embora eu não consiga, eu
sei que o Senhor pode. Obrigado por Sua graça. Eu vou apenas descansar no Senhor.”
Então, ele sai de casa para o trabalho e vê um grande painel mostrando uma mulher nua no
caminho. E, quando se sente tentado a desejá-la, ele diz: “Obrigado Pai, porque eu sou justiça de
Deus em Cristo Jesus. Eu sei que o Senhor está comigo. Embora eu seja tentado, o Senhor está
comigo. Obrigado por Sua graça.” A tentação vem e vai, mas ele fica em paz. Ele não estaciona o
carro para se lamentar por ser tão pecador, ele sabe que não há mais culpa e condenação sobre
ele. Ele confia e descansa e, sem perceber, vence a tentação.
Viver debaixo de condenação e culpa não livra ninguém do pecado, pelo contrário. A lei somente
incita a carne a ser mais consciente do pecado. Quando se sente condenado, você acaba
pecando mais ainda. No entanto, se você se coloca sob a graça, no momento em que é tentado,
você recebe uma dose renovada do perdão e da graça de Deus. Você se vê como sendo justo em
Cristo e isso lhe dá o poder para se levantar acima da tentação.
Quando você crê que é justo, ainda que peque, seus pensamentos ficarão alinhados com a sua
crença. A vitória sobre o pecado vem somente quando as pessoas experimentam a maravilhosa
graça de Deus. Tendo começado no Espírito é ridículo tentar se aperfeiçoar pela carne. Devemos
seguir a Cristo pelo mesmo princípio de como O recebemos: pela fé.
Recebemos os milagres pela graça
Ninguém pode receber coisa alguma de Deus com base em sua justiça própria, em seu
merecimento pessoal. Este é o motivo pelo qual muitos não recebem, porque estão tentando
merecer a bênção de Deus. A bênção de Deus é somente para aqueles que reconhecem que
nada merecem e por isso dependem completamente da graça de Deus.
Aqueles que andam pela lei, ou seja, que buscam merecer a bênção de Deus, não conseguem ter
fé para receber coisa alguma. Isso acontece porque, quanto mais olham para si mesmos (para
seus esforços próprios) para receberem de Deus, menos fé conseguem ter. A prova de que a
justificação é unicamente pela graça é o fato de recebermos os milagres de Deus sem
merecermos.
O segredo para recebermos o milagre não é tentarmos merecê-lo seguindo as normas da lei, mas
é simplesmente reconhecer e crer que, por meio da Cruz de Cristo, todos os tesouros do céu nos
foram liberados.
Olhe para todas as pessoas que receberam o milagre de Jesus durante o seu ministério na terra,
nenhuma delas o mereceu. Elas não fizeram nada para receber o milagre, além de crer. Elas
receberam o milagre por causa da graça de Deus. Do lado oposto, os fariseus tentavam, de todos
os meios, merecer a bênção de Deus, mas não há registro que nenhum deles tenha recebido
sequer um milagre de Deus.
Se você olhar para a graça de Deus, Ele olhará para sua fé. Toda nossa fé é uma fé na graça. Se
tivermos fé que merecemos algo, então nada recebemos, mas se tivermos fé que a graça é maior
que o nosso pecado, então veremos os milagres.
Quando você está diante de um desafio muito grande, qual a sua atitude? Primeiro, você se
pergunta se tem condição de receber aquela bênção. Você presume que até merece receber uma
bênção pequena, mas para receber algo tão grande é preciso ser muito santo e justo diante de
Deus. Logo, sua fé fica condicionada ao seu merecimento. Como você pensa que é um pouquinho
justo, então está apto para receber uma pequena bênção. Aqueles que recebem uma grande
bênção, você conclui, é porque são muito mais santos do que você.
Nossa fé depende completamente de conhecermos a graça de Deus. Nossa fé será maior à
medida que tivermos maior revelação do favor imerecido de Deus. Se pensamos que somos
pouco amados ou que Deus nos ama por causa de nosso bom comportamento, teremos pouca fé
para receber o milagre. Mas, se descansamos completamente em Seu amor sem limites e
confiamos que nada receberemos por merecimento, então teremos uma grande fé.
É interessante que há duas pessoas nos evangelhos a respeito das quais o Senhor disse que
possuíam uma grande fé. A primeira delas foi o centurião romano.
Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, apresentou-se-lhe um centurião, implorando: Senhor, o meu
criado jaz em casa, de cama, paralítico, sofrendo horrivelmente. Jesus lhe disse: Eu irei curá-lo.
Mas o centurião respondeu: Senhor, não sou digno de que entres em minha casa; mas apenas
manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado. Pois também eu sou homem sujeito à
autoridade, tenho soldados às minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele
vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz. Ouvindo isto, admirou-se Jesus e disse aos que o
seguiam: Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta (Mt 8.5-10).
Podemos pensar que o Senhor elogiou aquele homem porque ele entendia de autoridade e
percebeu que Jesus tinha autoridade sobre a enfermidade. Mas esta certamente não é a razão,
porque o Senhor disse que a mulher siro-fenícia também tinha uma grande fé e ela nada falou de
autoridade.
Partindo Jesus dali, retirou-se para os lados de Tiro e Sidom. E eis que uma mulher cananéia, que
viera daquelas regiões, clamava: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está
horrivelmente endemoninhada. Ele, porém, não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos,
aproximando-se, rogaram-lhe: Despede-a, pois vem clamando atrás de nós. Mas Jesus
respondeu: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Ela, porém, veio e o
adorou, dizendo: Senhor, socorre-me! Então, ele, respondendo, disse: Não é bom tomar o pão dos
filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Ela, contudo, replicou: Sim, Senhor, porém os cachorrinhos
comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos. Então, lhe disse Jesus: Ó mulher,
grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres. E, desde aquele momento, sua filha ficou sã (Mt
15.21-28).
O que essas duas pessoas tinham em comum? Ambas eram gentias, um era romano e a outra,
cananéia. Em outras palavras, elas estavam fora da aliança de Deus com Israel. Elas não tinham
direito a receber coisa alguma de Deus, mas se achegaram ao Senhor somente confiados na
graça.
Ninguém pode ter fé se anda pela lei. A lei condena o tempo todo, e assim a fé é anulada. Em
Romanos 4.14, Paulo diz que, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e cancela-se a
promessa. A bênção de Deus provém da fé para que seja segundo a graça.
Enquanto estamos tentando merecer, nada recebemos de Deus, pois Ele jamais abençoa o
homem que possui alguma justiça própria. A bênção é sempre para aquele que não merece, pois
somente esse pode experimentar graça. Graça é o favor imerecido; se o favor é merecido, então é
lei, e como ninguém jamais pode cumprir a lei, também ninguém jamais receberá milagre algum
se não for pela graça.
Pr. Aluizio A. Silva

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