
Deus
não foi teórico ou cheio de retórica vazia quando decidiu expressar Seu
amor por nós. Não foi meramente romântico nos recitando uma bela
poesia, mas Ele foi completamente e extremamente prático. Ele demonstrou
completamente o que é Seu amor por nós. Nada é mais importante do que
sentir-se amado por Deus. Coisas boas acontecem com quem se sente amado.
Ele
demonstrou Seu amor nos enviando Cristo. Houve um dia em que Jesus se
fez gente. Ele é a exata expressão de Deus e, portanto, a exata
expressão do amor do Pai. Precisamos orar para recebermos a revelação
desse imenso amor. Em Efésios 3.17, Paulo faz exatamente esta oração:
“[...]
e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós
arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com
todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a
profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento,
para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.17-19).
Somente
podemos ser tomados de toda a plenitude de Deus quando conhecemos o Seu
amor. Precisamos conhecer todas as dimensões desse amor: o seu
comprimento, a altura, a largura e a profundidade. Vamos meditar um
pouco sobre cada uma dessas quatro dimensões.
A largura
O
amor de Deus é largo. Sabe por que o amor de Deus é largo? Porque ele
atinge a todos indistintamente. O amor de Deus é na direção de todos,
desde aquele que parece ser o mais bonzinho até aquele que é tido como o
mais perverso de todos. É fácil acreditar que Deus ama os bonzinhos,
mas é um desafio crer que mesmo o mais perverso dos homens é alvo do Seu
amor. Houve uma mulher que foi membro de nossa igreja anos atrás. Ela
já partiu para o Senhor, mas ainda hoje sua vida é uma grande fonte de
inspiração de que onde abundou o pecado superabundou a graça de Deus.
Certo
dia, eu fui chamado para ministrar em uma penitenciária de nossa
cidade. Depois de pregar na ala masculina, os irmãos que me convidaram
disseram que também queriam que eu ministrasse para as mulheres, pois
havia alguém ali que eu precisava conhecer. Começamos, então, a reunião e
eu logo percebi que havia uma mulher que ficava sempre isolada das
demais. Ela não se misturava e estava sempre sozinha num dos cantos. Era
uma mulher negra, alta, bem forte e bastante séria. Tinha um semblante
muito severo, mas parecia estar bem atormentada.
Naquele
dia, eu falei do amor de Deus, do quanto Deus amava cada uma delas e,
ao final, fiz o apelo. Quase todas vieram à frente, exceto aquela
mulher. Em seguida, os irmãos a trouxeram para que eu orasse com ela. Eu
questionei por que ela não tinha vindo orar junto com a outras.
Disseram-me que era assim que funcionava na cadeia, ela não podia ficar
junto com as demais, tinha que permanecer sozinha, porque seu crime era
pior que o das outras.
Eu
chamei aquela mulher e perguntei se ela queria confessar a Jesus como
Senhor da sua vida. Eu lhe perguntei: “Você crê que Jesus lava os seus
pecados?”. Nesse momento, ela começou a chorar convulsivamente. Seu
rosto brilhava de tantas lágrimas que caiam. Ela repetia sem parar: “Eu
creio, eu creio, eu creio!”. Diante disso, eu lhe disse: “Então, eu
posso lhe afirmar que todos os seus pecados estão perdoados”. Naquele
momento, a pessoa que me convidou me olhou profundamente e perguntou:
“Pastor, você sabe com quem está falando? Você sabe quem é essa
mulher?”.
Contaram-me
que se tratava de uma grande feiticeira, que, anos antes, tinha sido
presa e condenada junto com um grupo de feiticeiros no interior de
Goiás. A coisa toda era aterradora e monstruosa. Eles sequestravam
crianças de 7 anos, matavam-nas e comiam o coração num ritual de
satanismo. A história era repulsiva e revoltante. Depois de julgada num
ginásio de esportes diante da população da cidade, ela foi condenada a
muitos anos de prisão.
Depois
de dizer isso, aquela mulher ficou me olhando fixamente. Ela estava
ansiosa por ouvir a minha opinião. Será que depois de saber de tudo isso
eu manteria a afirmação de que seus pecados estavam perdoados? Eu olhei
para ela e, movido pelo Espírito, disse: “Eu reafirmo o que lhe disse. O
que Jesus fez na cruz foi maior do que o que você fez. O sacrifício
d’Ele na cruz foi maior que o seu pecado. E, se você hoje crê com o seu
coração e confessa com a sua boca que crê naquele sacrifício, então você
está salva e perdoada”.
Aquela
mulher não podia ficar junto das outras, porque as outras presidiárias
se achavam mais santas que ela, se achavam melhores e mais justas. Posso
dizer que era a pior pecadora que eu já tinha conhecido. Jamais conheci
alguém capaz de fazer algo tão hediondo. Mas ela se converteu, teve a
sua natureza mudada. Depois disso, ela estava presente em todos os
cultos no presídio e passou a dizer que era membro de nossa igreja.
Muitos
anos depois, ela entrou para o regime semiaberto, no qual o presidiário
fica solto durante o dia e vai dormir na cadeia à noite. Ela não podia
participar de nossos cultos noturnos, mas logo ela se envolveu em uma
célula. Certo dia, ela me perguntou se podia testemunhar a respeito de
sua história. Ao que lhe respondi: “Não repita sua história nem para
você mesma dormindo trancada no quarto. Sua história foi encerrada
naquele dia em que você confessou Jesus. Você não tem mais passado. Seu
passado foi apagado. Algumas pessoas não vão conseguir participar de um
culto ao lado de alguém que fez aquelas coisas. Elas podem achar que
você não mudou, que ainda continua a mesma”.
A
igreja a sustentou por muito tempo, pois ninguém lhe dava emprego e nem
mesmo a aceitava por perto. Tinham medo dela. Algum tempo depois, ela
faleceu, mas estava completamente firme na fé e na vida da igreja. Se
você for para o céu, vai encontrar com ela lá, porque ela foi lavada
pelo sangue de Jesus.
Eu
duvido que você algum dia cometa um pecado que chegue aos pés do pecado
daquela mulher. Se existisse uma olimpíada de pecadores, aquela mulher
certamente concorreria à medalha de ouro. Se Deus perdoou aquela mulher,
perdoa você também. Se o amor de Deus foi grande o suficiente para
perdoar e transformar aquela mulher, Ele perdoa você também. Isso é
graça, e eu sei que a graça sempre parece ilógica e absurda. Mas o amor
de Deus é maior do que a lógica do homem. Qualquer um pode ser mudado. O
amor de Deus é largo o suficiente para alcançar você também.
O comprimento
Mas
o amor de Deus não é apenas largo, ele também é longo. O comprimento
nos fala que o amor de Deus abrange todos os tempos. Não é restrito a um
período ou momento da história, ou a um momento em que Ele está de bom
humor. Deus não apenas ama, Ele é amor, e o Seu amor abrange toda a
eternidade. É tão extenso que alcança todas as fases da sua vida:
presente, passado e futuro.
Certa
vez, eu estava ouvindo um precioso irmão chamado Judson Cornwall,
presidente das Assembléias de Deus dos Estados Unidos na ocasião. Ele
contou um testemunho que eu acredito ser uma revelação de Deus. Disse
que, em certa ocasião, um pastor da sua denominação havia caído em
pecado de adultério e prostituição. Sua igreja o corrigiu e o
disciplinou ficando três anos afastado do trabalho pastoral. Sua
família, porém, o perdoou, mas ele não se perdoava.
Depois
de cumprir o tempo da disciplina, o pastor Judson Cornwall foi
encarregado de procurar aquele pastor e reintegrá-lo ao ministério na
igreja local. Mas não havia nada que o pastor Judson dissesse que
pudesse convencer aquele pastor. Ele resistia dizendo que, para ele, não
tinha mais jeito. Dizia que ninguém jamais iria esquecer seu pecado e,
sempre que estivesse pregando, as pessoas o condenariam. E não houve
meios de aquele pastor ser convencido.
O
pastor Judson voltou para sua casa e orou a Deus para que lhe desse uma
palavra que pudesse dizer àquele pastor que o convencesse. Ele contou,
então, que teve um sonho naquela noite. No sonho, ele foi levado a um
lugar muito amplo no céu. Naquele lugar, havia livros e livros, como se
fosse uma biblioteca gigantesca.
Ele
viu que havia ali anjos servindo. Então, chamou um deles e perguntou:
“Que lugar é esse? E que livros são esses que estão aqui?”. O anjo lhe
respondeu que aquele era o lugar onde estavam guardados os livros da
vida de cada homem que passou pela terra. Cada livro desses, afirmou
ele, é o livro da vida de um homem. Tudo que essa pessoa falou e fez
está registrado aqui para o juízo do último dia.
O
irmão Judson ficou impressionado, pois não imaginava que havia algo
assim no céu. Então, naquele momento, lhe ocorreu perguntar ao anjo se
ele poderia ver o livro da vida daquele pastor que havia caído no
pecado. O anjo prontamente saiu e voltou trazendo o livro. O pastor
começou a folheá-lo e viu ali o dia da conversão, o dia da ordenação, o
seu casamento, o nascimento dos filhos, todos os grandes eventos da sua
vida. E ficou intrigado pensando como Deus teria anotado o dia do pecado
daquele homem, aquele dia terrível da sua queda.
Quando,
porém, ele virou a página onde deveria estar descrito aquele dia, teve
uma grande surpresa, as páginas estavam em branco, não havia nada
escrito. Ele chamou o anjo e perguntou: “Você não disse que tudo o que
os homens falaram e fizeram estaria registrado aqui para o dia do juízo?
Mas olha esse livro, essa página, ela esta em branco”. Então, o anjo
lhe explicou que aquelas páginas estavam em branco porque tudo aquilo
que o sangue de Jesus apagou não há mais memória diante de Deus. Deus
não se lembra.
Hoje,
estou aqui para contar-lhe a respeito da grande amnésia divina. O
sangue de Jesus tem o poder de apagar da memória de Deus o seu passado. O
sangue de Jesus tem o poder de apagar o seu passado. Hoje você pode
dizer que não tem passado. Os seus pecados foram lavados pelo sangue do
Cordeiro. Se alguém vier acusá-lo de alguma coisa do seu passado,
peça-lhe para ir conversar com o seu advogado, Jesus de Nazaré.
A altura
O
amor de Deus não é apenas largo e longo, ele também é imensuravelmente
alto. O que significa essa altura? Significa que houve um dia em que o
Filho de Deus, que é Deus, se fez homem e veio habitar entre nós.
Qual
é a altura do amor de Deus? É a altura que separa o céu e a terra. Qual
é a distância entre o céu e a terra? É a distância que Ele percorreu
para vir ao nosso encontro. Ele abandonou a Sua glória e veio habitar
entre nós. Ele abriu mão da divindade e se vestiu do corpo humano para
habitar entre nós. Ele agora sabe o que você sente porque sentiu na
própria pele, Ele viu como você vê para saber o que é ser tentado.
Talvez,
no dia do julgamento, quando Deus mencionasse os seus pecados, você
poderia dizer a Ele: “Ah! Tudo bem, é muito fácil o Senhor, como Deus,
me julgar. O Senhor não sabe o que é ter a carne tremendo de vontade de
pecar”. Talvez alguém acusasse a Deus dizendo que é muito fácil ser
Deus: “Se eu fosse Deus, eu também não pecaria”. Alguém poderia
acusá-lO, dizendo: “Eu queria ver o Senhor no meu lugar, se seria capaz
de suportar as tentações que eu passei”.
Mas
hoje ninguém pode acusar a Deus, pois Jesus veio e se fez homem. Cada
tentação que você passa, Ele passou também. Cada tentação que você
enfrenta, por mais estranha, mesquinha, estúpida que pareça, Ele também
enfrentou, mas com uma diferença, Ele não caiu. Ele venceu todas elas. E
por que venceu, Ele está qualificado agora para ajudá-lo no meio das
suas tentações.
A
altura do amor de Deus nos fala da Sua graça. Como podemos entender a
graça? Somos tão acostumados a buscar justiça que a graça nos parece
estranha. Existem três palavras que definem as ações de Deus: justiça,
misericórdia e graça. Suponha que você esteja em sua casa, sentado em
sua varanda e, de repente, percebe que o filho do vizinho pegou o carro
do pai e está tentando aprender a dirigir sozinho. Subitamente ele
acelera o carro, perde o controle e bate contra o seu muro. Você sai,
olha a situação e resolve tomar uma atitude. Nessa circunstância, você
pode tomar uma de três atitudes possíveis. Todas elas são corretas, mas
cada uma revela um lado do seu caráter.
A
primeira possibilidade é ser justo. Como você poderia ser justo? Você
chegaria ao jovem e lhe diria: “Filho, você derrubou meu muro. Você e
seu pai terão de pagar. Se não tiverem dinheiro, vendam o carro e
reconstruam o meu muro. Isso seria justo? Claro que sim. Se Deus
resolvesse simplesmente aplicar a nós a sua justiça, todos nós já
estaríamos fulminados no inferno. Mas Ele não quer mostrar a Sua
justiça, Ele deseja revelar algo mais profundo do Seu caráter amoroso.
A
segunda possibilidade seria exercer misericórdia. Você chegaria ao
garoto e lhe diria: “Você é pobre e não tem como pagar esse muro. Quando
ficar sabendo, seu pai vai lhe encher de sopapos. Eu estou com dó de
você. Vá embora para sua casa, arrume seu carro e deixe que eu resolvo
aqui com meu muro. Isso é misericórdia. Misericórdia é um pouco melhor. A
misericórdia diminuiu o nosso problema, mas não nos acrescenta nada.
Pela misericórdia, eu não vou receber o julgamento que mereço, mas não
há garantias de que vou receber bênção nenhuma.
A
terceira possibilidade é a graça. Preciso, porém, lhe dizer que a graça
não é deste mundo. A graça é do céu. A graça veio quando Jesus veio,
porque Ele era cheio de graça e de verdade. Na verdade, a graça é o
próprio Senhor Jesus. Como seria agir com graça? Graça seria você chegar
ao menino dentro do carro e perguntar se ele se machucou. Se ele tiver
se machucado, você cuidaria dele e depois o ensinaria a dirigir. Você
não apenas consertaria o carro dele, mas até mesmo lhe daria o seu de
presente. Você conhece alguém assim? Somente Jesus de Nazaré. Ele é
assim. Só Ele é assim.
A
verdade é que nós teríamos que ir para o inferno, mas Deus quis mostrar
a sua graça. Nós éramos deformados pelo pecado e éramos inimigos de
Deus, mas hoje, porque cremos, Ele nos faz Seus filhos e Seus herdeiros.
Isso é algo absurdo para a mente natural. O amor de Deus é tão alto que
nem podemos entender.
Em
certa ocasião, um vizinho que mora ao lado do prédio de nossa igreja,
um homem inteligente e culto, começou a vir aos cultos e começou a
gostar da pregação. Dizia que o pregador era inteligente, até o dia em
que eu falei da graça. Ele ficou completamente perplexo, dizendo que era
algo absurdo. “Quer dizer que eu não tenho que fazer nada? É de graça?
Não preciso de obras, penitências ou sacrifícios? Você agride minha
inteligência”, concluiu. E nunca mais voltou.
Tem
gente que quer uma mensagem inteligente, mas hoje eu quero falar da
loucura. A loucura da graça de Deus. Você quer essa loucura em sua vida?
Você não merece nada. Sua esposa sabe disso. E é possível que ela o
lembre de vez em quando. Seus vizinhos sabem disso, sua família sabe
disso, todos sabem. Não somos nada. Mas veja o que Deus oferece a você,
Ele deu tudo para tê-lo.
Somente
aquele que crê na graça pode agradar a Deus. Deus não tem prazer
naquele que procura merecer. O Senhor rejeita aquele que é cheio de
justiça própria. Deus ama aqueles que creem na graça. Não confie em suas
obras, pois de Deus só se recebe pela graça. O que crê na graça é
aquele que sabe que não merece, mas se posiciona para receber tudo. É
como alguém disse: “Não sou o dono do mundo, mas sou seu filho!”.
Essa
é a glória de Deus. Você vai contar para as gerações futuras o que Deus
fez a seu respeito, como você era e onde você estava, mas Ele olhou do
céu, lhe estendeu a mão, tirou-o do barro e o colocou num lugar alto.
Lavou as suas vestes, lhe pôs uma coroa na cabeça e um anel no dedo,
dizendo: “Você agora é meu filho, sente-se do meu lado e vamos reger as
nações”. Aleluia!
A profundidade
O
amor de Deus não é apenas largo, longo ou alto, Ele é também um amor
profundo. É um amor que não se importa de ser chamado de sem-vergonha. A
Bíblia conta a história de um homem chamado Oséias. Ele era um profeta e
sua esposa se chamava Gômer. Deus mandou que ele buscasse sua mulher no
prostíbulo e se casasse com ela. Ele foi, se apaixonou por ela,
trouxe-a para dentro de casa e teve três filhos com ela.
Num
belo dia, ele chega em casa e ela não está. Pergunta aos vizinhos, que
dizem: “Olha, Oséias, você não vai gostar, mas apareceram aqui uns
homens e eles levaram sua mulher para o prostíbulo”. Oséias fica
completamente transtornado. O que fazer nessa situação? Ele vai atrás
dela no prostíbulo, tira-a de lá e a traz de volta para casa. Mas,
depois de alguns dias, a mulher some novamente. “Olha, Oséias, eu não
queria falar, mas ela está lhe traindo!” Oséias quebra a louça da casa
inteira, pensa até em matar a mulher. Mas, quando ele olha para ela, seu
coração se derrete de amor. Ela pede desculpas e ele só sabe dizer que a
ama, é a mãe dos seus filhos. Ela volta para casa. Mas, depois de algum
tempo, novamente volta para a promiscuidade.
O
que os vizinhos estariam falando de Oséias? “É safado. Merece a mulher
que tem! É um homem sem vergonha!” Quem é mais sem vergonha? Aquele que
trai ou quem perdoa o traidor? A verdade é que todos condenam aquele que
perdoa. Normalmente, quem perdoa é taxado de sem vergonha.
Mas
Deus chamou Oséias para que o homem pudesse entender o Seu amor. Você
já caiu tantas vezes no mesmo pecado que começa a pensar que está
abusando da bondade de Deus. Mas Ele mansamente o aceita novamente. Você
pede perdão uma, dez e setenta vezes sete, Ele diz: “Eu te perdoo”. O
amor de Deus é tão constrangedor quanto o amor de Oséias. Qualquer
característica de Deus no homem é loucura, mas em Deus é simplesmente a
Sua natureza.
Havia
um homem que possuía um único filho. Aquele garoto tinha sido criado
com todo mimo e conforto possível. Mas, quando chegou aos dezessete
anos, começou a se envolver com drogas. O pai fez de tudo, repreendeu,
bateu, corrigiu, tentou interná-lo numa clínica, mas nada resolvia. O
garoto se envolvia cada vez mais profundamente nas drogas. Até que
começou a roubar, primeiro em casa, depois dos familiares, e depois dos
vizinhos. A situação ficou insustentável. O pai, então, lhe deu um
ultimato: “Filho, eu amo você, mas não posso mais aceitar esse seu
comportamento. Eu já fiz tudo por você, mas eu não vou tolerá-lo aqui
dentro vivendo essa vida. Você vai ter de escolher, ou você fica comigo
ou você escolhe as drogas e seus amigos”.
Aquele
garoto bateu na mesa revoltado, dizendo que ninguém o compreendia.
Saiu de casa e não voltou mais. Nos anos seguintes, o jovem se envolveu
com todo tipo de drogas. Tornou-se um jovem envelhecido, doente e
explorado. Quando estava à beira da morte, ele caiu em si e pensou: “O
único amigo que eu realmente tenho é meu pai. Ele, então, resolveu
voltar para casa, mas não tinha coragem. Depois de tudo o que tinha
feito, talvez seu pai não o aceitasse de volta.
Naqueles
dias, quando ainda se escreviam cartas, ele escreveu ao pai dizendo:
“Pai, pequei contra o senhor. Fiz o que é errado e o senhor tem todo o
direito de não me aceitar de volta. Mas eu gostaria de voltar para casa.
Vou pegar o trem para a nossa cidade. O trem passa perto da nossa casa e
em frente dela tem uma grande árvore. Se o senhor me aceita de volta,
coloque uma bandeira branca em cima da árvore. Assim, quando o trem se
aproximar, eu vou olhar e, se eu vir a bandeira branca, saberei que o
senhor me aceita de volta. Mas, ao passar, se eu olhar para aquela
árvore e não vir a bandeira branca, vou saber que o senhor não me quer
de volta. Nesse caso, eu não descerei do trem e passarei direto.
Ele
tomou o trem e, quando já chegava perto da sua cidade, abaixou a janela
ansioso para encontrar uma bandeira branca. Ele olhou em direção à sua
casa, para aquela árvore onde ele disse para que fosse colocada uma
bandeira branca. Mas qual não foi a sua surpresa! Não havia uma bandeira
branca. A árvore inteira estava cheia de bandeiras brancas, e o caminho
até a casa também estava cheio de bandeiras brancas. Quando ele desceu,
o pai apenas disse: “Nesses anos todos, eu estive esperando por você, a
porta sempre esteve aberta. Procurei por você e não o encontrei, mas
hoje é um dia de festa”.
Eu
quero que você saiba que o caminho diante de você até a casa do Pai
está cheio de bandeiras brancas, porque o amor de Deus é profundo, nos
toca completamente. Não importa mais o seu passado. Esse é o amor de
Deus. O amor que encontrou sua expressão em Jesus. Ele é a maior
expressão desse amor. Todas essas histórias que lhe contei não expressam
completamente esse amor. Você é amado, e a prova verdadeira do amor de
Deus é a cruz de Cristo.
Houve
um dia em que Deus se fez gente e veio habitar entre nós. João diz que o
verbo se fez gente, se fez carne. O Verbo é Jesus e Ele veio habitar
entre nós. Há dois mil anos, aconteceu o mais extraordinário mover de
Deus na história. Uma escada foi colocada ligando a terra aos céus, e
anjos de Deus subiam e desciam por ela.
Nunca
houve nada parecido com isso, nem jamais haverá. Houve um dia em que
Deus, que é apenas espírito, resolveu se tornar também homem, lá em
Belém da Judéia. Naquele dia, os anjos apareceram aos pastores
proclamando: “Glória a Deus nas maiores alturas e paz na terra entre os
homens, a quem ele quer bem”. Porque, naquele dia, em Belém da Judéia,
nasceu o Salvador, Jesus, o Senhor. E lá em Belém estava Jesus deitado
numa manjedoura, num coxo, porque não havia lugar nas hospedarias. Os
magos vieram e O adoraram. Os pastores vieram e se curvaram.
Você
pode ver Jesus fugindo para o Egito ainda bebê para não ser morto pela
ira satânica de Herodes. Mas, depois, Ele volta. E Deus vai crescendo na
forma de homem escondido num lugar obscuro chamado Nazaré. Por causa
disso, Ele seria chamado de Nazareno. Ele vai crescendo cheio de graça e
de verdade. Aos 12 anos, é levado ao templo e os doutores da lei se
maravilham, dizendo: “Que garoto é esse? Que sabedoria é essa?”. É a
sabedoria de Deus, porque Ele é Deus. Antes que Maria existisse, Ele já
existia. Maria foi a mulher escolhida por Deus, santa, como a Bíblia
diz, mas Jesus é Deus. Ela foi só o canal. Maria carregou Jesus nove
meses, você vai carregá-lO por toda a sua vida dentro de você, no seu
espírito.
Aos
30 anos de idade, Ele vem chegando ao Rio Jordão. E João Batista, o
preparador do caminho, olha para Ele e diz: “Eis o Cordeiro de Deus que
tira o pecado do mundo. Eu batizo vocês com água, mas Ele vai batizá-los
com o Espírito Santo e com fogo”. E Jesus entrou na água para ser
batizado, não porque tivesse pecado, mas para cumprir toda justiça.
Quando Ele sai da água, o Pai brada do céu: “Esse é meu Filho amado”. E o
Espírito Santo vem sobre Ele como pomba, porque Ele é parte da Trindade
Divina, Ele é o Filho.
Ele
sai da água e começa o Seu ministério. Seu primeiro sermão é liberado
em cima de um monte. Ele proclama: “Bem-aventurados os humildes de
espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5.3). As multidões se
maravilham e dizem: “Ele fala como quem tem autoridade, e não como os
escribas”. O Espírito do Senhor era com Ele e, por onde Ele ia, os
demônios fugiam de diante d’Ele gritando pelo caminho. Ele impunha Suas
mãos sobre os leprosos, que ficavam curados, os paralíticos se
levantavam, cegos viam, surdos ouviam. Jamais se viu tal coisa. Deus
desceu para o meio dos homens em Jesus de Nazaré. Ele é o Emanuel, Deus
conosco.
Mas
Ele não veio apenas para isso. Ele veio para ser a expressão viva do
amor de Deus. Então, já no fim do ministério, Ele vai orar no Getsêmani.
Suando gotas como de sangue, em agonia, Ele diz: “Pai, passa de mim
este cálice, mas não faça o que eu quero, e sim o que tu queres” (Mt
26.39). Que cálice era esse? Era a nossa punição, o nosso castigo, o
castigo que cada um de nós tinha que receber.
Deus
precisa ser justo, mas Ele é gracioso. Como ser amoroso sem negar Sua
justiça? Deus é justo, e a Sua justiça tem de ser satisfeita, mas Ele
também é amoroso e gracioso. Ele não queria nos punir. Como conciliar a
justiça, que exige a morte, com o Seu amor, que insiste em nos dar vida?
Ele vem para ser punido em nosso lugar. Ele cumpre a justiça da punição
sem negar o Seu amor.
Conta-se
que durante a guerra civil americana, no século dezenove, dois irmãos
ficaram em lados separados da guerra. Um era do exército do norte e
outro do sul. O exército do sul começou a perder as batalhas e muitos
foram capturados entre eles. No dia em que chegou no acampamento, um dos
irmãos, o mais velho, viu seu outro irmão no meio dos presos. Durante a
noite, sorrateiramente, ele foi lá, trocou de roupa com o irmão e
disse: “Você não pode ficar aqui, porque amanhã eles vão executar os
condenados. Você foi julgado réu de morte, mas você não vai morrer”.
Eles trocaram de roupa, o mais jovem foi embora livre e, no outro dia, o
mais velho foi condenado no lugar dele. Ele não precisava morrer, mas o
fez por amor. Jesus é apenas o nosso irmão mais velho, não precisava
morrer, mas veio morrer em nosso lugar.
Ainda
no Getsêmani, a turba chega. Judas se aproxima e O trai com um beijo.
Um beijo é o instrumento da traição. Logo em seguida, chegam os guardas e
Ele pergunta: “A quem procurais?” Eles apenas dizem: “Procuramos a
Jesus de Nazaré”. “Sou eu”, diz Ele. E, quando Ele diz “Sou eu”, os
guardas caem para trás, não suportando o poder de Deus que estava em
Jesus. O Senhor espera que eles se levantem. E novamente eles perguntam:
“Já dissemos, queremos a Jesus”. Jesus novamente diz: “Sou Eu”, e mais
uma vez os guardas caem.
Jesus
não poderia ser preso. Nem um exército poderia prendê-lO. Ele se
entregou espontaneamente. Se Ele não se entregasse, quem poderia
levá-lO? Se apenas dizendo “Sou eu” os guardas caíram, e se Ele
dissesse: “Morra”, quem sobreviveria? Mas Ele não veio para condenar,
Ele veio para perdoar, para salvar.
Ele
é levado para ser açoitado, os guardas O esbofeteiam, zombam d’Ele
chamando-O de Rei dos Judeus e colocam uma coroa de espinhos sobre Sua
cabeça. Ele é considerado réu de morte, mas n’Ele não havia pecado
algum. Pecado nenhum se encontrou n’Ele. Jesus não pode ser condenado de
coisa alguma, porque jamais pecou. Mas Ele veio para levar as nossas
iniquidades. O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas
feridas, cada um de nós pode ser sarado hoje. Você não precisa mais
carregar enfermidade, porque Jesus já carregou na cruz por você, por
mim, por nós.
Jesus
foi açoitado por causa de nossos pecados. Cada vez que o chicote batia e
era puxado, a carne saía. A inflamação foi rápida, a febre veio em
seguida e a sensação de angústia aumentou em muito a dor.
Depois
lhe colocaram uma coroa de espinhos. Qualquer ferimento na cabeça
provoca um hematoma e imediatamente ela incha. Imagine sua cabeça
inteira sendo cravada por algo assim. Por que isso? É a nossa cabeça que
pensa e decide coisas ruins. Ela tinha que ser punida, mas Ele foi
punido em nosso lugar.
Colocaram
os cravos em Suas mãos e pés. Nossas mãos e nossos pés é que correm
atrás do pecado. Eles é que deviam ser punidos, mas Ele sofreu a punição
em nosso lugar. Seus ossos não foram quebrados, mas uma lança foi
cravada em seu lado. Do ferimento saiu água e sangue, porque foi
perfurado até o Seu coração. Os ossos não foram quebrados, mas o Seu
coração foi perfurado, porque Ele nos amou.
Jesus
não morreu como mártir. Ele não veio para ser apenas um bom exemplo.
Jesus não foi apenas um grande homem. Ele veio com a missão definida,
ser o Cordeiro de Deus para morrer na cruz em seu lugar. Esse é o
evangelho de Deus. As boas-novas do céu.
A
cruz é o centro da história. Não há cristianismo sem cruz. Qualquer
ensino que não está baseado na cruz é falso, porque a cruz é o lugar
onde os céus e a terra se beijam. A cruz é o lugar onde Deus vem ao
encontro do homem. A cruz é o lugar do perdão e da reconciliação. A cruz
é o lugar onde o amor de Deus nos é revelado, onde o amor de Deus é
expresso de maneira concreta. Você é amado e a prova disso é a cruz.
Pr. Aluizio A. Silva
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