quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Primeiro Dia As dimensões do amor de Deus - Jejum de Daniel

A revelação mais importante do universo é que Deus nos ama. Nós somos o objeto da graça de Deus. Você é grandemente favorecido, ricamente abençoado e poderosamente agraciado. Frequentemente, ouvimos falar a respeito de graça, mas quase nunca nos dão uma definição do que seja essa palavra. É muito mais do que receber algo grátis, sem preço, é participar da herança de Cristo e da glória do próprio Deus, e isso sem ter merecimento algum.
Deus não foi teórico ou cheio de retórica vazia quando decidiu expressar Seu amor por nós. Não foi meramente romântico nos recitando uma bela poesia, mas Ele foi completamente e extremamente prático. Ele demonstrou completamente o que é Seu amor por nós. Nada é mais importante do que sentir-se amado por Deus. Coisas boas acontecem com quem se sente amado.
Ele demonstrou Seu amor nos enviando Cristo. Houve um dia em que Jesus se fez gente. Ele é a exata expressão de Deus e, portanto, a exata expressão do amor do Pai. Precisamos orar para recebermos a revelação desse imenso amor. Em Efésios 3.17, Paulo faz exatamente esta oração:

“[...] e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.17-19).

Somente podemos ser tomados de toda a plenitude de Deus quando conhecemos o Seu amor. Precisamos conhecer todas as dimensões desse amor: o seu comprimento, a altura, a largura e a profundidade. Vamos meditar um pouco sobre cada uma dessas quatro dimensões.

A largura
O amor de Deus é largo. Sabe por que o amor de Deus é largo? Porque ele atinge a todos indistintamente. O amor de Deus é na direção de todos, desde aquele que parece ser o mais bonzinho até aquele que é tido como o mais perverso de todos. É fácil acreditar que Deus ama os bonzinhos, mas é um desafio crer que mesmo o mais perverso dos homens é alvo do Seu amor. Houve uma mulher que foi membro de nossa igreja anos atrás. Ela já partiu para o Senhor, mas ainda hoje sua vida é uma grande fonte de inspiração de que onde abundou o pecado superabundou a graça de Deus. 
Certo dia, eu fui chamado para ministrar em uma penitenciária de nossa cidade. Depois de pregar na ala masculina, os irmãos que me convidaram disseram que também queriam que eu ministrasse para as mulheres, pois havia alguém ali que eu precisava conhecer. Começamos, então, a reunião e eu logo percebi que havia uma mulher que ficava sempre isolada das demais. Ela não se misturava e estava sempre sozinha num dos cantos. Era uma mulher negra, alta, bem forte e bastante séria. Tinha um semblante muito severo, mas parecia estar bem atormentada.
Naquele dia, eu falei do amor de Deus, do quanto Deus amava cada uma delas e, ao final, fiz o apelo. Quase todas vieram à frente, exceto aquela mulher. Em seguida, os irmãos a trouxeram para que eu orasse com ela. Eu questionei por que ela não tinha vindo orar junto com a outras. Disseram-me que era assim que funcionava na cadeia, ela não podia ficar junto com as demais, tinha que permanecer sozinha, porque seu crime era pior que o das outras.
Eu chamei aquela mulher e perguntei se ela queria confessar a Jesus como Senhor da sua vida. Eu lhe perguntei:  “Você crê que Jesus lava os seus pecados?”. Nesse momento, ela começou a chorar convulsivamente. Seu rosto brilhava de tantas lágrimas que caiam. Ela repetia sem parar: “Eu creio, eu creio, eu creio!”. Diante disso, eu lhe disse: “Então, eu posso lhe afirmar que todos os seus pecados estão perdoados”. Naquele momento, a pessoa que me convidou me olhou profundamente e perguntou: “Pastor, você sabe com quem está falando? Você sabe quem é essa mulher?”.
Contaram-me que se tratava de uma grande feiticeira, que, anos antes, tinha sido presa e condenada junto com um grupo de feiticeiros no interior de Goiás. A coisa toda era aterradora e monstruosa. Eles sequestravam crianças de 7 anos, matavam-nas e comiam o coração num ritual de satanismo. A história era repulsiva e revoltante. Depois de julgada num ginásio de esportes diante da população da cidade, ela foi condenada a muitos anos de prisão. 
Depois de dizer isso, aquela mulher ficou me olhando fixamente. Ela estava ansiosa por ouvir a minha opinião. Será que depois de saber de tudo isso eu manteria a afirmação de que seus pecados estavam perdoados? Eu olhei para ela e, movido pelo Espírito, disse: “Eu reafirmo o que lhe disse. O que Jesus fez na cruz foi maior do que o que você fez. O sacrifício d’Ele na cruz foi maior que o seu pecado. E, se você hoje crê com o seu coração e confessa com a sua boca que crê naquele sacrifício, então você está salva e perdoada”.
Aquela mulher não podia ficar junto das outras, porque as outras presidiárias se achavam mais santas que ela, se achavam melhores e mais justas. Posso dizer que era a pior pecadora que eu já tinha conhecido. Jamais conheci alguém capaz de fazer algo tão hediondo. Mas ela se converteu, teve a sua natureza mudada. Depois disso, ela estava presente em todos os cultos no presídio e passou a dizer que era membro de nossa igreja.
Muitos anos depois, ela entrou para o regime semiaberto, no qual o presidiário fica solto durante o dia e vai dormir na cadeia à noite. Ela não podia participar de nossos cultos noturnos, mas logo ela se envolveu em uma célula. Certo dia, ela me perguntou se podia testemunhar a respeito de sua história. Ao que lhe respondi: “Não repita sua história nem para você mesma dormindo trancada no quarto. Sua história foi encerrada naquele dia em que você confessou Jesus. Você não tem mais passado. Seu passado foi apagado. Algumas pessoas não vão conseguir participar de um culto ao lado de alguém que fez aquelas coisas. Elas podem achar que você não mudou, que ainda continua a mesma”.
A igreja a sustentou por muito tempo, pois ninguém lhe dava emprego e nem mesmo a aceitava por perto. Tinham medo dela. Algum tempo depois, ela faleceu, mas estava completamente firme na fé e na vida da igreja. Se você for para o céu, vai encontrar com ela lá, porque ela foi lavada pelo sangue de Jesus.
Eu duvido que você algum dia cometa um pecado que chegue aos pés do pecado daquela mulher. Se existisse uma olimpíada de pecadores, aquela mulher certamente concorreria à medalha de ouro. Se Deus perdoou aquela mulher, perdoa você também. Se o amor de Deus foi grande o suficiente para perdoar e transformar aquela mulher, Ele perdoa você também. Isso é graça, e eu sei que a graça sempre parece ilógica e absurda. Mas o amor de Deus é maior do que a lógica do homem. Qualquer um pode ser mudado. O amor de Deus é largo o suficiente para alcançar você também. 

O comprimento
Mas o amor de Deus não é apenas largo, ele também é longo. O comprimento nos fala que o amor de Deus abrange todos os tempos. Não é restrito a um período ou momento da história, ou a um momento em que Ele está de bom humor. Deus não apenas ama, Ele é amor, e o Seu amor abrange toda a eternidade. É tão extenso que alcança todas as fases da sua vida: presente, passado e futuro.
Certa vez, eu estava ouvindo um precioso irmão chamado Judson Cornwall, presidente das Assembléias de Deus dos Estados Unidos na ocasião. Ele contou um testemunho que eu acredito ser uma revelação de Deus. Disse que, em certa ocasião, um pastor da sua denominação havia caído em pecado de adultério e prostituição. Sua igreja o corrigiu e o disciplinou ficando três anos afastado do trabalho pastoral. Sua família, porém, o perdoou, mas ele não se perdoava. 
Depois de cumprir o tempo da disciplina, o pastor Judson Cornwall foi encarregado de procurar aquele pastor e reintegrá-lo ao ministério na igreja local. Mas não havia nada que o pastor Judson dissesse que pudesse convencer aquele pastor. Ele resistia dizendo que, para ele, não tinha mais jeito. Dizia que ninguém jamais iria esquecer seu pecado e, sempre que estivesse pregando, as pessoas o condenariam. E não houve meios de aquele pastor ser convencido.
O pastor Judson voltou para sua casa e orou a Deus para que lhe desse uma palavra que pudesse dizer àquele pastor que o convencesse. Ele contou, então, que teve um sonho naquela noite. No sonho, ele foi levado a um lugar muito amplo no céu. Naquele lugar, havia livros e livros, como se fosse uma biblioteca gigantesca.
Ele viu que havia ali anjos servindo. Então, chamou um deles e perguntou: “Que lugar é esse? E que livros são esses que estão aqui?”. O anjo lhe respondeu que aquele era o lugar onde estavam guardados os livros da vida de cada homem que passou pela terra. Cada livro desses, afirmou ele, é o livro da vida de um homem. Tudo que essa pessoa falou e fez está registrado aqui para o juízo do último dia.
O irmão Judson ficou impressionado, pois não imaginava que havia algo assim no céu. Então, naquele momento, lhe ocorreu perguntar ao anjo se ele poderia ver o livro da vida daquele pastor que havia caído no pecado. O anjo prontamente saiu e voltou trazendo o livro. O pastor começou a folheá-lo e viu ali o dia da conversão, o dia da ordenação, o seu casamento, o nascimento dos filhos, todos os grandes eventos da sua vida. E ficou intrigado pensando como Deus teria anotado o dia do pecado daquele homem, aquele dia terrível da sua queda. 
Quando, porém, ele virou a página onde deveria estar descrito aquele dia, teve uma grande surpresa, as páginas estavam em branco, não havia nada escrito. Ele chamou o anjo e perguntou: “Você não disse que tudo o que os homens falaram e fizeram estaria registrado aqui para o dia do juízo? Mas olha esse livro, essa página, ela esta em branco”. Então, o anjo lhe explicou que aquelas páginas estavam em branco porque tudo aquilo que o sangue de Jesus apagou não há mais memória diante de Deus. Deus não se lembra. 
Hoje, estou aqui para contar-lhe a respeito da grande amnésia divina. O sangue de Jesus tem o poder de apagar da memória de Deus o seu passado. O sangue de Jesus tem o poder de apagar o seu passado. Hoje você pode dizer que não tem passado. Os seus pecados foram lavados pelo sangue do Cordeiro. Se alguém vier acusá-lo de alguma coisa do seu passado, peça-lhe para ir conversar com o seu advogado, Jesus de Nazaré.

A altura
O amor de Deus não é apenas largo e longo, ele também é imensuravelmente alto. O que significa essa altura? Significa que houve um dia em que o Filho de Deus, que é Deus, se fez homem e veio habitar entre nós. 
Qual é a altura do amor de Deus? É a altura que separa o céu e a terra. Qual é a distância entre o céu e a terra? É a distância que Ele percorreu para vir ao nosso encontro. Ele abandonou a Sua glória e veio habitar entre nós. Ele abriu mão da divindade e se vestiu do corpo humano para habitar entre nós. Ele agora sabe o que você sente porque sentiu na própria pele, Ele viu como você vê para saber o que é ser tentado.
Talvez, no dia do julgamento, quando Deus mencionasse os seus pecados, você poderia dizer a Ele: “Ah! Tudo bem, é muito fácil o Senhor, como Deus, me julgar. O Senhor não sabe o que é ter a carne tremendo de vontade de pecar”. Talvez alguém acusasse a Deus dizendo que é muito fácil ser Deus: “Se eu fosse Deus, eu também não pecaria”. Alguém poderia acusá-lO, dizendo: “Eu queria ver o Senhor no meu lugar, se seria capaz de suportar as tentações que eu passei”. 
Mas hoje ninguém pode acusar a Deus, pois Jesus veio e se fez homem. Cada tentação que você passa, Ele passou também. Cada tentação que você enfrenta, por mais estranha, mesquinha, estúpida que pareça, Ele também enfrentou, mas com uma diferença, Ele não caiu. Ele venceu todas elas. E por que venceu, Ele está qualificado agora para ajudá-lo no meio das suas tentações.
A altura do amor de Deus nos fala da Sua graça. Como podemos entender a graça? Somos tão acostumados a buscar justiça que a graça nos parece estranha. Existem três palavras que definem as ações de Deus: justiça, misericórdia e graça. Suponha que você esteja em sua casa, sentado em sua varanda e, de repente, percebe que o filho do vizinho pegou o carro do pai e está tentando aprender a dirigir sozinho. Subitamente ele acelera o carro, perde o controle e bate contra o seu muro. Você sai, olha a situação e resolve tomar uma atitude. Nessa circunstância, você pode tomar uma de três atitudes possíveis. Todas elas são corretas, mas cada uma revela um lado do seu caráter.
A primeira possibilidade é ser justo. Como você poderia ser justo? Você chegaria ao jovem e lhe diria: “Filho, você derrubou meu muro. Você e seu pai terão de pagar. Se não tiverem dinheiro, vendam o carro e reconstruam o meu muro. Isso seria justo? Claro que sim. Se Deus resolvesse simplesmente aplicar a nós a sua justiça, todos nós já estaríamos fulminados no inferno. Mas Ele não quer mostrar a Sua justiça, Ele deseja revelar algo mais profundo do Seu caráter amoroso.
A segunda possibilidade seria exercer misericórdia. Você chegaria ao garoto e lhe diria: “Você é pobre e não tem como pagar esse muro. Quando ficar sabendo, seu pai vai lhe encher de sopapos. Eu estou com dó de você. Vá embora para sua casa, arrume seu carro e deixe que eu resolvo aqui com meu muro. Isso é misericórdia. Misericórdia é um pouco melhor. A misericórdia diminuiu o nosso problema, mas não nos acrescenta nada. Pela misericórdia, eu não vou receber o julgamento que mereço, mas não há garantias de que vou receber bênção nenhuma. 
A terceira possibilidade é a graça. Preciso, porém, lhe dizer que a graça não é deste mundo. A graça é do céu. A graça veio quando Jesus veio, porque Ele era cheio de graça e de verdade. Na verdade, a graça é o próprio Senhor Jesus. Como seria agir com graça? Graça seria você chegar ao menino dentro do carro e perguntar se ele se machucou. Se ele tiver se machucado, você cuidaria dele e depois o ensinaria a dirigir. Você não apenas consertaria o carro dele, mas até mesmo lhe daria o seu de presente. Você conhece alguém assim? Somente Jesus de Nazaré. Ele é assim. Só Ele é assim.
A verdade é que nós teríamos que ir para o inferno, mas Deus quis mostrar a sua graça. Nós éramos deformados pelo pecado e éramos inimigos de Deus, mas hoje, porque cremos, Ele nos faz Seus filhos e Seus herdeiros. Isso é algo absurdo para a mente natural. O amor de Deus é tão alto que nem podemos entender.
Em certa ocasião, um vizinho que mora ao lado do prédio de nossa igreja, um homem inteligente e culto, começou a vir aos cultos e começou a gostar da pregação. Dizia que o pregador era inteligente, até o dia em que eu falei da graça. Ele ficou completamente perplexo, dizendo que era algo absurdo. “Quer dizer que eu não tenho que fazer nada? É de graça? Não preciso de obras, penitências ou sacrifícios? Você agride minha inteligência”, concluiu. E nunca mais voltou. 
Tem gente que quer uma mensagem inteligente, mas hoje eu quero falar da loucura. A loucura da graça de Deus. Você quer essa loucura em sua vida? Você não merece nada. Sua esposa sabe disso. E é possível que ela o lembre de vez em quando. Seus vizinhos sabem disso, sua família sabe disso, todos sabem. Não somos nada. Mas veja o que Deus oferece a você, Ele deu tudo para tê-lo.
 Somente aquele que crê na graça pode agradar a Deus. Deus não tem prazer naquele que procura merecer. O Senhor rejeita aquele que é cheio de justiça própria. Deus ama aqueles que creem na graça. Não confie em suas obras, pois de Deus só se recebe pela graça. O que crê na graça é aquele que sabe que não merece, mas se posiciona para receber tudo. É como alguém disse: “Não sou o dono do mundo, mas sou seu filho!”.
Essa é a glória de Deus. Você vai contar para as gerações futuras o que Deus fez a seu respeito, como você era e onde você estava, mas Ele olhou do céu, lhe estendeu a mão, tirou-o do barro e o colocou num lugar alto. Lavou as suas vestes, lhe pôs uma coroa na cabeça e um anel no dedo, dizendo: “Você agora é meu filho, sente-se do meu lado e vamos reger as nações”. Aleluia!

A profundidade
O amor de Deus não é apenas largo, longo ou alto, Ele é também um amor profundo. É um amor que não se importa de ser chamado de sem-vergonha. A Bíblia conta a história de um homem chamado Oséias. Ele era um profeta e sua esposa se chamava Gômer. Deus mandou que ele buscasse sua mulher no prostíbulo e se casasse com ela. Ele foi, se apaixonou por ela, trouxe-a para dentro de casa e teve três filhos com ela.
Num belo dia, ele chega em casa e ela não está. Pergunta aos vizinhos, que dizem: “Olha, Oséias, você não vai gostar, mas apareceram aqui uns homens e eles levaram sua mulher para o prostíbulo”. Oséias fica completamente transtornado. O que fazer nessa situação? Ele vai atrás dela no prostíbulo, tira-a de lá e a traz de volta para casa. Mas, depois de alguns dias, a mulher some novamente. “Olha, Oséias, eu não queria falar, mas ela está lhe traindo!” Oséias quebra a louça da casa inteira, pensa até em matar a mulher. Mas, quando ele olha para ela, seu coração se derrete de amor. Ela pede desculpas e ele só sabe dizer que a ama, é a mãe dos seus filhos. Ela volta para casa. Mas, depois de algum tempo, novamente volta para a promiscuidade.
O que os vizinhos estariam falando de Oséias? “É safado. Merece a mulher que tem! É um homem sem vergonha!” Quem é mais sem vergonha? Aquele que trai ou quem perdoa o traidor? A verdade é que todos condenam aquele que perdoa. Normalmente, quem perdoa é taxado de sem vergonha.
Mas Deus chamou Oséias para que o homem pudesse entender o Seu amor. Você já caiu tantas vezes no mesmo pecado que começa a pensar que está abusando da bondade de Deus. Mas Ele mansamente o aceita novamente. Você pede perdão uma, dez e setenta vezes sete, Ele diz: “Eu te perdoo”. O amor de Deus é tão constrangedor quanto o amor de Oséias. Qualquer característica de Deus no homem é loucura, mas em Deus é simplesmente a Sua natureza.
Havia um homem que possuía um único filho. Aquele garoto tinha sido criado com todo mimo e conforto possível. Mas, quando chegou aos dezessete anos, começou a se envolver com drogas. O pai fez de tudo, repreendeu, bateu, corrigiu, tentou interná-lo numa clínica, mas nada resolvia. O garoto se envolvia cada vez mais profundamente nas drogas. Até que começou a roubar, primeiro em casa, depois dos familiares, e depois dos vizinhos. A situação ficou insustentável. O pai, então, lhe deu um ultimato: “Filho, eu amo você, mas não posso mais aceitar esse seu comportamento. Eu já fiz tudo por você, mas eu não vou tolerá-lo aqui dentro vivendo essa vida. Você vai ter de escolher, ou você fica comigo ou você escolhe as drogas e seus amigos”.
 Aquele garoto bateu na  mesa revoltado, dizendo que ninguém o compreendia. Saiu de casa e não voltou mais. Nos anos seguintes, o jovem se envolveu com todo tipo de drogas. Tornou-se um jovem envelhecido, doente e explorado. Quando estava à beira da morte, ele caiu em si e pensou: “O único amigo que eu realmente tenho é meu pai. Ele, então, resolveu voltar para casa, mas não tinha coragem. Depois de tudo o que tinha feito, talvez seu pai não o aceitasse de volta.
Naqueles dias, quando ainda se escreviam cartas, ele escreveu ao pai dizendo: “Pai, pequei contra o senhor. Fiz o que é errado e o senhor tem todo o direito de não me aceitar de volta. Mas eu gostaria de voltar para casa. Vou pegar o trem para a nossa cidade. O trem passa perto da nossa casa e em frente dela tem uma grande árvore. Se o senhor me aceita de volta, coloque uma bandeira branca em cima da árvore. Assim, quando o trem se aproximar, eu vou olhar e, se eu vir a bandeira branca, saberei que o senhor me aceita de volta. Mas, ao passar, se eu olhar para aquela árvore e não vir a bandeira branca, vou saber que o senhor não me quer de volta. Nesse caso, eu não descerei do trem e passarei direto.
Ele tomou o trem e, quando já chegava perto da sua cidade, abaixou a janela ansioso para encontrar uma bandeira branca. Ele olhou em direção à sua casa, para aquela árvore onde ele disse para que fosse colocada uma bandeira branca. Mas qual não foi a sua surpresa! Não havia uma bandeira branca. A árvore inteira estava cheia de bandeiras brancas, e o caminho até a casa também estava cheio de bandeiras brancas. Quando ele desceu, o pai apenas disse: “Nesses anos todos, eu estive esperando por você, a porta sempre esteve aberta. Procurei por você e não o encontrei, mas hoje é um dia de festa”. 
Eu quero que você saiba que o caminho diante de você até a casa do Pai está cheio de bandeiras brancas, porque o amor de Deus é profundo, nos toca completamente. Não importa mais o seu passado. Esse é o amor de Deus. O amor que encontrou sua expressão em Jesus. Ele é a maior expressão desse amor. Todas essas histórias que lhe contei não expressam completamente esse amor. Você é amado, e a prova verdadeira do amor de Deus é a cruz de Cristo.  
Houve um dia em que Deus se fez gente e veio habitar entre nós. João diz que o verbo se fez gente, se fez carne. O Verbo é Jesus e Ele veio habitar entre nós. Há dois mil anos, aconteceu o mais extraordinário mover de Deus na história. Uma escada foi colocada ligando a terra aos céus, e anjos de Deus subiam e desciam por ela.
Nunca houve nada parecido com isso, nem jamais haverá. Houve um dia em que Deus, que é apenas espírito, resolveu se tornar também homem, lá em Belém da Judéia. Naquele dia, os anjos apareceram aos pastores proclamando: “Glória a Deus nas maiores alturas e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem”. Porque, naquele dia, em Belém da Judéia, nasceu o Salvador, Jesus, o Senhor. E lá em Belém estava Jesus deitado numa manjedoura, num coxo, porque não havia lugar nas hospedarias. Os magos vieram e O adoraram. Os pastores vieram e se curvaram. 
Você pode ver Jesus fugindo para o Egito ainda bebê para não ser morto pela ira satânica de Herodes. Mas, depois, Ele volta. E Deus vai crescendo na forma de homem escondido num lugar obscuro chamado Nazaré. Por causa disso, Ele seria chamado de Nazareno. Ele vai crescendo cheio de graça e de verdade. Aos 12 anos, é levado ao templo e os doutores da lei se maravilham, dizendo: “Que garoto é esse? Que sabedoria é essa?”. É a sabedoria de Deus, porque Ele é Deus. Antes que Maria existisse, Ele já existia. Maria foi a mulher escolhida por Deus, santa, como a Bíblia diz, mas Jesus é Deus. Ela foi só o canal. Maria carregou Jesus nove meses, você vai carregá-lO por toda a sua vida dentro de você, no seu espírito. 
Aos 30 anos de idade, Ele vem chegando ao Rio Jordão. E João Batista, o preparador do caminho, olha para Ele e diz: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Eu batizo vocês com água, mas Ele vai batizá-los com o Espírito Santo e com fogo”. E Jesus entrou na água para ser batizado, não porque tivesse pecado, mas para cumprir toda justiça. Quando Ele sai da água, o Pai brada do céu: “Esse é meu Filho amado”. E o Espírito Santo vem sobre Ele como pomba, porque Ele é parte da Trindade Divina, Ele é o Filho.
Ele sai da água e começa o Seu ministério. Seu primeiro sermão é liberado em cima de um monte. Ele proclama: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5.3). As multidões se maravilham e dizem: “Ele fala como quem tem autoridade, e não como os escribas”. O Espírito do Senhor era com Ele e, por onde Ele ia, os demônios fugiam de diante d’Ele gritando pelo caminho. Ele impunha Suas mãos sobre os leprosos, que ficavam curados, os paralíticos se levantavam, cegos viam, surdos ouviam. Jamais se viu tal coisa. Deus desceu para o meio dos homens em Jesus de Nazaré. Ele é o Emanuel, Deus conosco.
Mas Ele não veio apenas para isso. Ele veio para ser a expressão viva do amor de Deus. Então, já no fim do ministério, Ele vai orar no Getsêmani. Suando gotas como de sangue, em agonia, Ele diz: “Pai, passa de mim este cálice, mas não faça o que eu quero, e sim o que tu queres” (Mt 26.39). Que cálice era esse? Era a nossa punição, o nosso castigo, o castigo que cada um de nós tinha que receber. 
Deus precisa ser justo, mas Ele é gracioso. Como ser amoroso sem negar Sua justiça? Deus é justo, e a Sua justiça tem de ser satisfeita, mas Ele também é amoroso e gracioso. Ele não queria nos punir. Como conciliar a justiça, que exige a morte, com o Seu amor, que insiste em nos dar vida? Ele vem para ser punido em nosso lugar. Ele cumpre a justiça da punição sem negar o Seu amor.
Conta-se que durante a guerra civil americana, no século dezenove, dois irmãos ficaram em lados separados da guerra. Um era do exército do norte e outro do sul. O exército do sul começou a perder as batalhas e muitos foram capturados entre eles. No dia em que chegou no acampamento, um dos irmãos, o mais velho, viu seu outro irmão no meio dos presos. Durante a noite, sorrateiramente, ele foi lá, trocou de roupa com o irmão e disse: “Você não pode ficar aqui, porque amanhã eles vão executar os condenados. Você foi julgado réu de morte, mas você não vai morrer”. Eles trocaram de roupa, o mais jovem foi embora livre e, no outro dia, o mais velho foi condenado no lugar dele. Ele não precisava morrer, mas o fez por amor. Jesus é apenas o nosso irmão mais velho, não precisava morrer, mas veio morrer em nosso lugar. 
Ainda no Getsêmani, a turba chega. Judas se aproxima e O trai com um beijo. Um beijo é o instrumento da traição. Logo em seguida, chegam os guardas e Ele pergunta: “A quem procurais?”  Eles apenas dizem: “Procuramos a Jesus de Nazaré”. “Sou eu”, diz Ele. E, quando Ele diz “Sou eu”, os guardas caem para trás, não suportando o poder de Deus que estava em Jesus. O Senhor espera que eles se levantem. E novamente eles perguntam: “Já dissemos, queremos a Jesus”. Jesus novamente diz:  “Sou Eu”, e mais uma vez os guardas caem. 
Jesus não poderia ser preso. Nem um exército poderia prendê-lO. Ele se entregou espontaneamente. Se Ele não se entregasse, quem poderia levá-lO? Se apenas dizendo “Sou eu” os guardas caíram, e se Ele dissesse: “Morra”, quem sobreviveria? Mas Ele não veio para condenar, Ele veio para perdoar, para salvar.
Ele é levado para ser açoitado, os guardas O esbofeteiam, zombam d’Ele chamando-O de Rei dos Judeus e colocam uma coroa de espinhos sobre Sua cabeça. Ele é considerado réu de morte, mas n’Ele não havia pecado algum. Pecado nenhum se encontrou n’Ele. Jesus não pode ser condenado de coisa alguma, porque jamais pecou. Mas Ele veio para levar as nossas iniquidades. O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas feridas, cada um de nós pode ser sarado hoje. Você não precisa mais carregar enfermidade, porque Jesus já carregou na cruz por você, por mim, por nós. 
Jesus foi açoitado por causa de nossos pecados. Cada vez que o chicote batia e era puxado, a carne saía. A inflamação foi rápida, a febre veio em seguida e a sensação de angústia aumentou em muito a dor. 
Depois lhe colocaram uma coroa de espinhos. Qualquer ferimento na cabeça provoca um hematoma e imediatamente ela incha. Imagine sua cabeça inteira sendo cravada por algo assim. Por que isso? É a nossa cabeça que pensa e decide coisas ruins. Ela tinha que ser punida, mas Ele foi punido em nosso lugar.
Colocaram os cravos em Suas mãos e  pés. Nossas mãos e nossos pés é que correm atrás do pecado. Eles é que deviam ser punidos, mas Ele sofreu a punição em nosso lugar. Seus ossos não foram quebrados, mas uma lança foi cravada em seu lado. Do ferimento saiu água e sangue, porque foi perfurado até o Seu coração. Os ossos não foram quebrados, mas o Seu coração foi perfurado, porque Ele nos amou. 
Jesus não morreu como mártir. Ele não veio para ser apenas um bom exemplo. Jesus não foi apenas um grande homem. Ele veio com a missão definida, ser o Cordeiro de Deus para morrer na cruz em seu lugar. Esse é o evangelho de Deus. As boas-novas do céu.
A cruz é o centro da história. Não há cristianismo sem cruz. Qualquer ensino que não está baseado na cruz é falso, porque a cruz é o lugar onde os céus e a terra se beijam. A cruz é o lugar onde Deus vem ao encontro do homem. A cruz é o lugar do perdão e da reconciliação. A cruz é o lugar onde o amor de Deus nos é revelado, onde o amor de Deus é expresso de maneira concreta. Você é amado e a prova disso é a cruz.

Pr. Aluizio A. Silva

Sem comentários:

Enviar um comentário