
Essa mistura é um grande impedimento para o nosso crescimento espiritual. Como podemos saber se estamos misturando a graça com a lei? Se a obra da cruz não faz diferença no seu dia a dia, esse é um sinal de que você depende das obras da lei. Se a sua vida cristã é simples fruto de mais esforço, e não de mais desfrute de Cristo, então você vive a mistura da lei. Se você crê que foi salvo pela graça, mas acredita que a santificação é pelo esforço próprio, então ainda vive pela lei.
Se você ainda vive assustado com medo do castigo de Deus, pensando que Ele está zangado com você, então ainda vive pela lei. É verdade que Deus se ira por causa do pecado, mas nós somos lavados pelo sangue do Cordeiro. Na verdade, nós vivemos debaixo desse sangue todo o tempo. Deus só nos vê em Cristo. Sobre nós, não há condenação nem ira de Deus. A ira de Deus um dia virá sobre este mundo, mas nunca mais virá sobre nós, pois Cristo já cancelou todo escrito de dívida que era contra nós diante de Deus.
Tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu-o inteiramente, encravando-o na cruz (Cl 2.14). Se ainda pensamos que gradamos a Deus pelo nosso esforço, podemos ter certeza de que ainda somos escravos da lei. A verdade é que Deus já está feliz conosco por causa de Cristo.
Outro sinal de que ainda vivemos na lei é quando pensamos que a vitória sobre o pecado e o diabo é algo que conquistamos pelo nosso esforço. A vitória, porém, é algo que recebemos pela graça. A verdadeira vitória não é conquistada, mas nos é dada.
Um sintoma comum entre aqueles que ainda vivem debaixo da lei é o sentimento constante de culpa e condenação por causa de nossos pecados. Vivem sempre com uma sensação de desqualificação, sempre pensando que não fizeram o suficiente para agradar a Deus. Essas pessoas até pensam que esse sentimento é sinal de piedade e zelo, mas é acusação do diabo.
Por causa disso, acabam aceitando todo ataque do diabo como se fosse um pagamento pelo seu erro. Quem acha que precisa se punir não entendeu que seus pecados já foram cravados na cruz.
Quando pensamos que a vida cristã é muito difícil e penosa, certamente estamos misturando a graça com a lei. A lei é sempre penosa, mas a graça traz paz e descanso. Um sinal terrível dos que vivem ainda segundo a lei é que eles pensam que não merecem receber a bênção de Deus.
Não merecem mesmo, contudo nós não a recebemos por mérito, mas pela graça. Se você pensa que precisa ser merecedor da bênção de Deus, então você ainda não entendeu a graça do favor imerecido. Na lei, você deve merecer para receber; na graça, você recebe sem merecer.
Por último, que mencionar aqueles que concluem que já esgotaram a paciência de Deus. Já cometeram o mesmo pecado tantas vezes e tantas vezes prometeram abandoná-lo que concluem que abusaram da graça de Deus e não terão mais o perdão. O fato é que, em seu conceito, apenas as pessoas boas merecem receber graça. Mas isso é uma contradição, pois a graça é justamente para quem não merece.
Todos esses sintomas certamente estão presentes na vida de um crente que ainda se relaciona com Deus com base na lei. Mas eu gostaria de analisar ainda alguns outros mais especificamente.
Que o Espírito Santo possa abrir os seus olhos para ser liberto da lei nesses dias.
1. Orgulho
Se penso que tudo depende do meu merecimento, quando tenho algum sucesso, preciso me
gloriar dele, pois é fruto do meu esforço. Se minha bênção é fruto do meu merecimento, então eu
passo a me julgar melhor do que aqueles que não são tão abençoados quanto eu.
Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois
persegui a igreja de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi
concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas
a graça de Deus comigo (1 Co 15.9,10).
Aquele que viu a graça não consegue ser orgulhoso. Tudo o que ele pode dizer é: “Sou o que sou
pela graça de Deus”. Ele sabe que tudo que ele é e possui lhe foi dado gratuitamente pelo Pai. E
se o que ele tem foi recebido, então não há do que se orgulhar. Na verdade, em vez de orgulho,
ele sente profunda gratidão. Mas isso é compreensível, pois ele não merecia nada, mas recebeu
tudo. Ele merecia a condenação do inferno, mas Deus o fez participante da herança do próprio
Cristo.
Quem é grato não tem como ser orgulhoso. Num certo sentido, o orgulho é o oposto da gratidão, e
aquele que é grato manifesta sua humildade reconhecendo que não é o originador de coisa
alguma. O orgulhoso ainda não viu a graça.
2. Idolatria de homens
Se penso que o sucesso é pelo mérito, preciso idolatrar aqueles que são muito bem-sucedidos,
pois eles certamente são muito melhores do que eu. Se mereceram uma bênção tão grande, é
porque são muito bons. No entanto, Paulo disse aos coríntios que ele era o menor dos apóstolos,
mas que, pela graça, tinha trabalhado mais do que todos os outros.
Pela lógica bíblica, Deus abençoa aquele que não merece e faz grandes os pequenos. Se alguém
é muito abençoado, é porque é menor que os outros. Sendo assim, não há razão para pensar que
os homens são grandes.
Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por
que te vanglorias, como se o não tiveras recebido? (1 Co 4.7).
O fato de ainda andarmos à procura de homens, tratando-os como se fossem um tipo de guru,
apenas mostra que ainda não vimos a graça de Deus. Quando entendemos que nada nos é dado
por mérito, jamais pensaremos que pastores bem-sucedidos o são por causa de sua capacidade
espetacular ou santidade superior. Tudo lhes foi dado pela graça. Isso não significa que não
podemos nos inspirar nos irmãos. Claro que podemos. Mas precisamos ter cuidado para não
exaltar a habilidade e a força humana acima do favor imerecido de Deus.
3. Medo
Se penso que só sou abençoado se mereço, então estou sempre com medo de Deus me avaliar e
me reprovar. Se sou reprovado, Ele não vai me abençoar, e o resultado é que ficarei na mão. Esta
é a razão por que muitos irmãos vivem constantemente debaixo de tensão. Se não possuem
nada, vivem angustiados tentando merecer a bênção de crescer e prosperar, mas quando
prosperam, ficam angustiados com medo de perder.
E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que
permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele. Nisto é em nós aperfeiçoado o amor,
para que, no Dia do Juízo, mantenhamos confiança; pois, segundo ele é, também nós somos
neste mundo. No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo
produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque ele nos
amou primeiro (1 Jo 4.16-19).
Apesar de pregarem aos perdidos que Deus os ama, muitos crentes vivem debaixo de constante
medo sem perceber o amor de Deus. Vivem com uma constante sensação de que estão em falta,
que não fizeram o suficiente para agradar a Deus.
Nós fomos transformados em filhos, não apenas filhos distantes, mas filhinhos tão chegados que
chamam Deus de “Aba”, que é “paizinho” no hebraico. A relação de filhos com um pai amoroso
nunca pode ser baseada na lei. Um filho não teme que seu pai o abandone porque ele se
comportou mal. Um filho não imagina que precisa fazer algo para que continue sendo filho. Ele
simplesmente sabe que é filho e está plenamente consciente do amor de seu pai. E porque ele
sabe que é amado, não teme coisa alguma.
Nossa vida cristã simplesmente se tornará um fardo se não tivermos revelação de que somos
amados. Não temos de comprar o amor do Pai com boas obras, Ele já nos ama o máximo que
pode amar. Esta é a graça de Deus. Não há nada que possamos fazer para aumentar o amor de
Deus por nós. E, como filhos, podemos ter certeza de que nada que fazemos pode diminuir Seu
amor por nós. Evidentemente, todo bom filho que se sente amado tentará agradar a seu pai. Nós
também queremos agradar a Deus, mas não para sermos amados, pelo contrário, procuramos
agradar porque nos sentimos amados. Essa precisa ser a motivação para a nossa obra.
Sem uma profunda percepção de que somos amados, inevitavelmente cairemos novamente nas
obras da lei e viveremos tentando conseguir o favor do Pai por nossos méritos.
Quando confiamos no amor de Deus, então temos o céu aberto sobre nós. No dia do Seu batismo
no Rio Jordão, o Senhor ouviu Deus Pai bradar dos céus: “Este é meu Filho amado, em quem
tenho todo o meu prazer” (Mt 3.17). Essa declaração foi registrada no evangelho por causa de
nós. Nós somos amados pelo Pai da mesma maneira que o Senhor Jesus. Você é filho de Deus
gerado pelo Espírito assim como o Senhor Jesus. Ele é o primogênito, mas nós somos os muitos
filhos. O Senhor Jesus orou para que tivéssemos revelação que somos amados pelo Pai do
mesmo modo que Ele é amado.
Eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça
que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim (Jo 17.23).
Nós fomos aceitos no Amado. Deus Pai está feliz e satisfeito com você porque você está em
Cristo. Você foi escolhido por Deus antes da fundação do mundo. Todos os dias quando me
levanto pela manhã, gosto de declarar, olhando para os céus, que Ele me ama. Eu sou amado de
Deus. A cada dia, Ele tem preparado coisas maravilhosas para mim.
Quando você sabe que é amado por Deus, não importa o que o diabo possa fazer, você sempre
irá prevalecer sobre ele. Mas se paira alguma dúvida sobre isso, não terá ousadia e nem firmeza
em sua fé. Sei que poucos ousam concordar que eventualmente sentem-se como se Deus não os
amasse, mas a verdade é que muitos filhos de Deus vivem dessa maneira.
Garotos que não se sentem amados se entregam a todo tipo de pecado, drogas e destruição, mas
aqueles que se sentem profundamente amados conseguem superar todas essas tentações. A
mesma verdade se aplica aos filhos de Deus, quanto mais sabemos que somos amados, mais
queremos agradar ao Pai.
Depois que o Senhor Jesus ouviu o Pai dizer que Ele era o Seu Filho amado, Ele foi levado ao
deserto para ser tentado pelo diabo. A primeira coisa que o diabo lhe disse foi: “Se você é filho de
Deus [...]. Parece que eu ouvi dizer que você é filho de Deus, mas você não se parece com um
filho, parece apenas um comum”. Observe que toda a tentação é colocar dúvida sobre aquilo que
Deus disse.
Depois disso, ele disse: “Se você é filho, manda que essas pedras se transformem em pães” (Mt
4.3). Não existe nada de errado em transformar pedras em pães, o problema é quando fazemos
algo para ter uma prova da Palavra de Deus. O Senhor respondeu: “Não só de pão viverá o
homem, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus”. O que o Senhor quis dizer com
isso? Quando mencionou “a palavra que sai da boca de Deus”, Ele estava se referindo ao rhema
de Deus, à Sua palavra viva e imediata. Que palavra era essa? “Este é meu filho amado, em
quem tenho todo o meu prazer.” Esta era a palavra que o Pai havia dito. Essa é a palavra que
deve ser o nosso alimento hoje também.
Deus vê você em Cristo. Você foi revestido de Cristo. Lá no Éden, Deus fez uma roupa para o
homem depois que ele pecou. Eu creio que era uma roupa de lã de cordeiro. Quando Deus nos
olha, Ele vê a Cristo. Ele nos ama como ama a Cristo. Não é possível ser mais amado por Deus
que isso.
Para louvor da glória da sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado (Ef 1.6).
4. Condenação
A Palavra de Deus diz que aquele que viu a graça de Deus desfruta de paz. Este certamente é o
maior sinal de alguém que enxergou a graça de Deus, ele sente paz no coração.
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos
firmes (Rm 5.1,2).
Aquele, porém, que vive pela lei está sempre com uma sensação de desqualificação. O inimigo o
acusa constantemente mostrando-lhe o quanto está fora do padrão de Deus, e que por isso
mesmo não pode ser abençoado. Aqueles que andam pela lei, ou seja, que buscam merecer a
bênção de Deus, não conseguem ter fé para receber coisa alguma. Isso acontece porque olham
para si mesmos todo o tempo para encontrar algum mérito. Quanto mais olham, menos fé têm.
Essas pessoas não oram, porque acreditam que não são bons o suficiente para receberem algo
de Deus. Essa é a acusação constante que o diabo faz na mente dos filhos de Deus. Todavia, o
Senhor não nos ouve porque somos bons, mas porque Ele é bom. Se você pensa que precisa ser
justo para ser ouvido pelo Pai, está completamente certo. Deus só pode ouvir aquele que é justo.
Mas a boa-nova é que o Senhor Jesus se tornou a nossa justiça. Hoje, quando chegamos diante
de Deus, nós o fazemos pela justiça que recebemos pela fé no sangue de Jesus. Nem no céu
você será mais justo do que é hoje, pois sua justiça é Cristo.
Muitos vivem debaixo de acusação e condenação, e por isso não se acham dignos de ter a
resposta de suas orações. Vivendo assim, eles não têm fé para receber algo de Deus. Muitos
vivem debaixo da mentira de que Deus está zangado com eles. Por causa disso, vivem uma vida
cristã dividida e doentia. Num momento, pregam que Deus cura; mas, no outro, declaram que
Deus lhes mandou uma doença para ensinar-lhes uma lição. Num momento, Deus os faz
prosperar; no outro, lhes dá pobreza para aprenderem a humildade. Algumas vezes, creem que
Ele os ama, mas quase sempre sentem que Deus está zangado com eles. Simplesmente, não dá
para receber a bênção com pensamentos divididos a respeito do Senhor.
Por causa da obra do Senhor Jesus na cruz, a ira de Deus não pode mais estar sobre nós. Toda a
ira de Deus por causa do pecado caiu sobre o Senhor Jesus na cruz. Se toda a ira já caiu sobre
Jesus, então Ele não pode estar irado conosco. Não estamos mais debaixo da velha aliança,
segundo a qual, Deus às vezes estava feliz com você e às vezes estava zangado. Hoje, Ele tem
total prazer em você por causa de Jesus.
5. Escravidão do pecado
A Palavra de Deus afirma enfaticamente que o pecado não mais terá domínio sobre nós, porque
não estamos debaixo da lei, e sim da graça de Deus.
Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça (Rm
6.14).
Como, então, alguém pode dizer que experimentou a graça de Deus e ainda vive na prática
continuada do pecado? Simplesmente, não viu coisa alguma, nunca foi tomado da plenitude de
Deus. Quando temos revelação de que somos justos em Cristo, nós simplesmente andamos de
acordo com a verdade.
6. Passividade
Na primeira carta aos coríntios, Paulo diz que trabalhou mais que todos os outros apóstolos. Ele
fez mais não porque fosse melhor do que os outros, mas por causa da graça que ele recebeu. Um
sinal de quem viu a graça é que ele se dispõe a trabalhar.
Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã;
antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo (1 Co
15.10).
Infelizmente, o diabo tem enganado muitos levando-os para a passividade. O Senhor Jesus não
morreu na cruz para que pudéssemos viver continuamente na praia ou assistindo televisão. Pelo
contrário, quando vejo a graça na cruz, sou tomado pelo desejo de fazer conhecidas as boasnovas
entre todos os homens.
Alguns caem na passividade e inatividade, dizendo que a graça de Deus os isenta de ter que
trabalhar. No entanto, Paulo diz que ele trabalhou mais do que todos. A graça não foi um
suprimento vão na vida dele. No dia do julgamento, vamos ter de prestar contas do que fizemos
com a imensa graça que recebemos.
Alguns irmãos com uma mente doente se enchem de pensamentos perversos que simplesmente
afastam as pessoas da graça de Deus. Existe uma estratégia usada pelo diabo para tentar impedir
que o povo de Deus desfrute de alguma verdade das Escrituras. Veja, por exemplo, o assunto da
prosperidade. Por causa do ensino errado de algumas igrejas que tiram até sete ofertas num
único culto, nos sentimos constrangidos de ensinar esse assunto aos irmãos.
Outro exemplo é a profecia. Paulo diz que todos os crentes devem profetizar, mas ficamos com
medo de ensinar sobre isso por causa das práticas erradas sobre profecia em algumas igrejas. O
mesmo se aplica ao tema da graça do evangelho. Muitos igrejas têm medo de falar da graça
porque, em outros lugares, a graça de Deus tem sido tomada para justificar o mundanismo e o
descompromisso espiritual.
Mas não devemos deixar nos intimidar por causa dessas falsas mensagens da graça de Deus. Eu
costumo dizer que algumas pessoas com mente doentia possuem muitos pensamentos
pervertidos a respeito da graça de Deus. Vou mencionar apenas alguns.
Estou na graça, não preciso mais fazer coisa alguma. Esta é a conclusão mais divulgada. Essas
pessoas tomam a graça como licença para ignorar a obra de Deus. Mas a verdade é exatamente
o oposto, porque estou na graça, agora posso trabalhar realmente para o Senhor. Antes, eu me
julgava incapaz e indigno, mas, pela graça, posso servi-lO em liberdade e paz. A graça me libera
para o serviço, pois agora sei que não faço na minha força e nem segundo o meu mérito.
Estou na graça, jamais serei julgado por Deus. É verdade que não seremos condenados com os
pecadores, mas seremos julgados para saber o que fizemos com a graça que recebemos (2 Co
5.10). A quem muito é dado, muito lhe será exigido (Lc 12.48). A graça é a provisão completa de
Deus para todas as nossas necessidades. Somos indesculpáveis por vivermos no pecado, pois o
pecado não tem mais poder sobre aqueles que estão debaixo da graça (Rm 6.14).
Estou na graça, não preciso mais contribuir. É verdade que o dízimo é da lei, mas o Senhor nos
trouxe para um padrão mais elevado que o dízimo, porque Sua graça nos permite exceder o
padrão de Moisés. É verdade que Jesus não morreu na cruz para me dar um Rolex, mas é
igualmente verdade que Ele não morreu na cruz para que eu seja avarento e não contribua de
forma alguma. Paulo diz que a oportunidade de contribuir é a verdadeira graça (2 Co 8.4). É uma
verdadeira graça Deus aceitar receber algo de nós.
Estou na graça, não preciso mais de orar. Eu sei que muitos transformam a oração em uma lei,
mas a verdade é que a oração é uma necessidade. Enquanto se é criança, comer é uma lei, mas
depois que crescemos, espera-se que tenhamos algum prazer na comida. Mas o fato é que, agora
que estou na graça, eu devo orar, porque o caminho ao trono está aberto para mim (Hb 4.16).
Agora que você pode fazer pedidos grandes a Deus porque entendeu a Sua imensa graça, você
resolve não pedir nada? Só uma mente doente pode pensar isso. Antes, você achava que só
aquele que era mais santo tinha a oração respondida, mas hoje você entendeu que Deus ouve a
sua oração por causa do seu favor imerecido. A bênção é para quem não merece. Quem entende
a graça passa a orar muito mais.
Estou na graça, não preciso me preocupar com santidade. Mais uma vez, o pensamento é
justamente o oposto. Porque estou na graça, posso andar em santidade, porque o pecado não
tem mais domínio sobre mim (Rm 6.14). Pela graça, você pode dizer “não” ao pecado. Aquele que
vive na prática do pecado em nome da graça provavelmente nem nasceu de novo. É um ímpio
vestido de crente falando do que não entende e nunca provou.
O maior temor das pessoas quando falamos da graça é que os irmãos agora vão se lambuzar no
pecado. Mas a verdade é que a lei traz o pecado, a graça nos livra dele. Paulo diz que a força do
pecado é a lei. Quanto mais ensinamos a lei tentando levar as pessoas à santidade, mais elas
caem no pecado. Quanto mais as pessoas se sentem ameaçadas, mais difícil é vencer o pecado
habitual.
Quando um filho se sente realmente amado, ele se comporta melhor. Quem não se sente amado
não tem por que se comportar melhor. A graça de Deus não lhe permite pecar, mas o capacita
para vencer o pecado. A justificação implica novo nascimento e mudança de natureza. Se dizemos
que estamos na graça, provamos isso demonstrando que não mais queremos o pecado.
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