domingo, 23 de fevereiro de 2014

O que é a comunhão do Espírito Santo ou koinonia?


A palavra Koinonia significa vida compartilhada. Nós compartilhamos da vida do mesmo Cristo. Portanto comunhão é uma questão de compartilhar do mesmo tipo de vida. Um cão não pode ter comunhão com um gato e nem um rato com um elefante.




1. É vida compartilhada
Não é uma questão de ter muitas pessoas, mas de ter uma só vida. Não é uma questão de ter uma multidão, mas se eles possuem todos a mesma natureza.
Não possuem o mesmo tipo de vida. Esse é o motivo porque hoje podemos ter comunhão com Deus, porque possuímos a sua natureza e a sua vida.
Nós não podemos ter comunhão com as trevas porque somos luz. Não podemos ter comunhão com aquele que não possui a vida de Deus dentro de si. “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” (Sl. 1:1). Dos ímpios podemos ser colegas, conhecidos ou ter relacionamentos superficiais, mas comunhão não podemos ter com eles. Eles são trevas, nós somos luz. Comunhão é compartilhar vida.
“Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso” (II Cor. 6:14-18).
Como se aconselhar com alguém que não conhece a Deus e nem tem o Espírito de Cristo? Como abrir o coração com um ímpio? Jesus disse que não devemos jogar pérolas a porcos. Nossas lágrimas são pérolas, nossos sonhos são jóias preciosas. Ovelhas não deveriam ter comunhão com lobos. Só há comunhão se o jugo for igual.
O Cristo que habita em mim sempre saudará o Cristo que habita em você. Nenhum de nós possui a plenitude de Cristo dentro de si, mas quando temos comunhão é como se as diversas parte se ajuntassem e formassem um todo. A plenitude de Cristo é para todo o corpo e não apenas para um único membro. É como se cada um de nós tivesse um pouco de Cristo dentro de si, então quando todos se ajuntam as porções se encontram e uma porção tremenda de Cristo se faz presente.
Para termos koinonia precisamos ter uma mesma salvação, uma mesma fé, um mesmo destino e um mesmo Deus.
Além disso precisamos estar no espírito. Algumas vezes os crentes espirituais têm dificuldade de ter comunhão com carnais. Ainda que possuem a mesma natureza, não estão na mesma freqüência. Os carnais não conseguem ter comunhão genuína porque a vida de Deus neles está abafada. Mas quando estamos cheios do Espírito a comunhão flui espontaneamente.
O carnal, entre outras coisas, é aquele que se recusa a andar na luz. Se não andamos na luz não podemos ter comunhão no espírito uns com os outros. “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (I Jo. 1:7). A expressão “como ele está na luz” é um aposto e pode ser retirado sem prejuízo para o sentido do texto.
Assim o versículo ficaria assim: ““Se, porém, andarmos na luz mantemos comunhão uns com os outros...” Só podemos ter comunhão num ambiente de luz. Na luz a comunhão é inevitável e espontânea. Aqueles que possuem áreas escuras fogem da comunhão. Aquele que possui pecado não confessado foge da comunhão como Adão que se escondeu entre as árvores do jardim. Quem anda na luz não tropeça. Se tropeçou é porque já estava em trevas. Quem está no escuro não sabe por onde anda e acaba caindo. Mas a palavra de Deus é lâmpada para os pés.
Mas não se preocupe. Onde houver trevas, um dia a luz de Deus vai brilhar. Um irmão da igreja que tinha o costume de ler revista pornográficas, sempre comprava as revistas numa mesma banca longe de sua casa e de nossa igreja. Um dia aconteceu daquele dono da banca vir ao culto e ali ele aceitou nosso apelo para salvação, Naquele dia muitos se decidiram e pedi então para que os irmãos que estava ali próximos nos ajudassem a orar. Sem saber de nada eu pedi para que aquele irmão orasse justamente com o dono da banca. Aquele irmão ficou numa sinuca porque o dono da banca olhou pra ele como que dizendo: “mas logo você?” Não há nada escondido que não venha a ser revelado. Se você é filho da luz Deus não vai deixá-lo nas trevas. Devemos ter comunhão para que a luz dos irmãos ilumine as nossas vidas.
A igreja não é uma questão de vários cristãos estarem juntos com diversos outros cristãos. Não é uma questão de muitos homens, mas de uma vida. A Igreja só é igreja porque possui muitos homens que têm a mesma vida que é Cristo. 
Cada um de nós tem uma porção de Cristo e quando estas porções de Cristo são colocadas juntas então temos a igreja. 
2. É a comunhão que Cristo teve com seus discípulos - aliança e compromisso mútuo
A  comunhão de Cristo com os discípulos foi mais que ficar juntos o dia todo ou mesmo morar numa mesma casa. Na verdade Jesus não vivia com os discípulos numa mesma casa. É verdade que eles viajavam e nessas ocasiões ficavam num mesmo lugar, mas no restante do tempo os discípulos tinham casa e família para cuidar. A comunhão entre eles era, antes de tudo, uma questão de compromisso mútuo e aliança.
Para ter comunhão é preciso ter compromisso. Por que os discípulos tinham comunhão com Jesus e os fariseus não tinham? Porque os discípulos tinham compromisso. Se você não tem compromisso nem de vir ao culto da igreja, se não há compromisso com uma célula, então você está fora da verdadeira comunhão do Espírito. Você tem compromisso com os membros de sua célula? Você tem aliança com o líder da sua célula? Ter compromisso é uma condição fundamental para uma comunhão verdadeira.
Não podemos ter comunhão com alguém se não temos compromisso com ela. Muitos pensam que precisam ter compromisso apenas com Deus. Isto é um engano. Nós temos compromisso com irmãos também. Sem compromisso nossa comunhão torna-se alguma coisa superficial.
Na última ceia Jesus mandou que Judas saísse. Judas não tinha compromisso por isso não podia estar na comunhão. 
Quando somos envolvidos num ambiente de compromisso temos liberdade para ser, para perguntar, para precisar ou para simplesmente estar. 
3. É a comunhão da Igreja primitiva - comunhão de propósitos
A comunhão na igreja primitiva era acima de tudo uma comunhão de propósitos. Eles perseveravam na doutrina dos apóstolos. Era uma comunhão na Palavra, no Espírito e na oração. Só há comunhão entre pessoas que possuem o mesmo propósito, a mesma visão. Podemos ter a mesma vida e a mesma natureza, mas se não temos um mesmo propósito estaremos caminhando em direções diferentes. Como caminhar junto com alguém que está indo para um destino diferente? A Palavra do Senhor diz que dois não poderão caminhar juntos se não têm o mesmo propósito. “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?”(Am. 3:3). A comunhão implica em perseverar na mesma visão e propósito.
É por causa disso que há tempo de estar junto, mas também há tempo de separar. Há o dia em que Caim precisa se separar de Abel. Existe o dia em Abraão precisa se separar de Ló. Isaque deve se separar de Ismael, Jacó deve deixar Esaú e Davi não poderá andar com Saul. Se Paulo e Barnabé não conseguem mais andar juntos, se não há entre eles acordo, então devem se separar.
Esse tipo de comunhão não podemos ter com todos os salvos desse país ou mesmo da cidade. Essa comunhão só pode acontecer na igreja local. É espiritual, mas é antes de tudo uma comunhão prática e viva. Se não temos o mesmo propósito não desfrutamos do tipo de comunhão que havia na igreja primitiva.
Atos 2 diz que os primeiros crentes perseveravam na comunhão que implicava em unidade de pensamento e de propósito, amor fraterno e compartilhamento mútuo. “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (At. 2:42). Eles tinham uma comunhão baseada na doutrina dos apóstolos, ou seja, baseada numa visão, num ensino, num propósito.  Eles viviam debaixo de uma atmosfera, um ambiente espiritual cultivado e protegido.
4. É a comunhão que há na trindade
Koinonia é o cumprimento da oração de Jesus em João 17:11 e 21. Jesus disse:“Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós” (Jo. 17:11). “A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17:21). Veja que coisa mais tremenda. Você tem noção da unidade que há entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo? A comunhão da própria divindade? Jesus orou para que nós possamos experimentar entre nós o mesmo tipo de unidade. Uma crítica que me fazem é de pregar coisas ideais que nunca conseguiremos viver nesse mundo. Mas Jesus orou para que isso acontecesse, então temos de crer que isso é possível. Eu creio que podemos ter esse tipo de unidade em nossa igreja local e em cada célula. Reconheço que estamos distantes disso, mas não vamos desistir de perseguir a vontade Deus. Mede-se a grandeza de um homem pela grandeza dos seus propósitos. Nosso encargo é ser uma igreja de vencedores.
Essa oração de Jesus é o cumprimento na história humana da realidade da vida divina. É Deus de fato expressado entre os homens. 
Estamos distantes de alcançarmos esse tipo de comunhão, mas não devemos nos desculpar e fugir do desafio. Precisamos buscar esta realidade. Esse é o propósito final de Deus. Queremos ganhar essa geração e gerar milhares de filhos para o Senhor, mas nada disso acontecerá se não houver unidade entre nós. O alvo final da comunhão é nos tornarmos um. O alvo da comunhão não é só sermos supridos e abençoados pelos irmãos. O avo final da comunhão é a unidade completa de propósito e de visão.

Sem comentários:

Enviar um comentário