domingo, 21 de abril de 2013

Dez propósitos do Jejum


Não veja o jejum como uma espécie de penitência que você faz com o intuito de persuadir a Deus a fazer algo que ele não quer fazer.  O jejum não muda a Deus. Ele é o mesmo antes, durante e depois de seu jejum. Mas, jejuar com certeza mudará você. Vai lhe ajudar a ser mais sensível ao Espírito de Deus. 
O jejum não atinge a Deus, mas toca em nossa carne. O jejum não tornará Deus mais bondoso ou misericordioso para connosco  mas ele está relacionado à nossa necessidade de romper com as barreiras e limitações da carne e do corpo. O jejum desperta o nosso espírito pois mortifica a carne e aflige a nossa alma. 
Qualquer um que procura mais intimidade com Deus já percebeu o quanto o nosso corpo pode ser um obstáculo para essa comunhão. Quando jejuamos o corpo se abate, o nosso espírito se levanta e nossa fé é liberada com mais ousadia e podemos ter mais enchimento do Espírito Santo.
Não é por acaso que o Senhor Jesus falou da ilustração dos odres novos e velhos justamente quando ensinou sobre o jejum. 
“Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos.” (Mc.2:22). 
O odre era um recipiente feito de couro usado para colocar o vinho no seu processo de fermentação. O problema é que o odre quando ficava velho se ressecava e perdia a elasticidade. O vinho novo, ainda em processo de fermentação, precisava ser colocado num odre novo que pudesse se expandir na medida em que ele fermentasse. Se o vinho novo fosse colocado naquele odre velho e ressecado ele se romperia por causa da expansão causada pela fermentação.
Com essa ilustração Jesus estava ensinado que o vinho novo que Ele traria (o Espírito Santo) deveria ser colocado em odres novos, e o odre (ou recipiente do vinho) é o nosso corpo. Creio que o Senhor está dizendo com isto que o jejum tem o poder de “renovar” o nosso corpo. A Escritura ensina que a carne milita contra o espírito, e a melhor maneira de receber o vinho do Espírito, é entrando num processo de mortificação da carne. 
Todo homem de Deus concorda que o propósito primário do jejum é mortificar a carne para nos fazer mais sensíveis ao Espírito Santo. Não pense, porém, que o jejum tem algum poder nele mesmo como uma espécie de poder mágico. Não tenha fé no jejum, tenha fé em Deus.
O jejum ajuda a liberar a fé! O que nos dá vitória sobre o inimigo é o que Cristo fez na cruz e a autoridade do seu nome. O jejum em si não nos faz vencer, mas libera a fé para o combate e nos fortalece, fazendo-nos mais conscientes da autoridade que nos foi delegada. 
Mas apesar do propósito central do jejum ser a mortificação da carne, vemos  vários exemplos bíblicos de outros motivos para tal prática: 

1. O jejum ajuda na preparação para um trabalho especial
Os jejuns feitos por Moisés e Elias foram sobrenaturais, pois um ser humano não pode sobreviver por quarenta dias sem beber água. Todavia o princípio demonstrado pelo exemplo deles permanece. Antes de iniciarmos uma obra especial designada por Deus precisamos orar e jejuar. A obra que desempenharam era tremendamente grande dai a necessidade de um jejum sobrenatural. O nosso chamado também exigirá de nós um tempo de oração e jejum.
O Senhor Jesus jejuou quarenta dias antes de começar o seu ministério, mas parece que ele bebeu água, pois ao final se diz que ele teve fome e não sede (Lc.4:2). A preparação do Senhor para iniciar o seu ministério envolveu muito jejum e oração.
O Jejum certamente está associado com uma unção nova para realizar a obra de Deus. Pastores deveriam ser ordenados ao ministérios depois de um período de jejum e os líderes deveriam jejuar antes de assumirem qualquer encargo na igreja local.

2. O jejum está associado com o arrependimento
Depois de ouvirem a pregação de Jonas os ninivitas se arrependeram com jejum. As escrituras afirmam que tal foi o arrependimento deles que até os animais tiveram de jejuar (Jn. 3:5-8).
Não é por acaso que logo depois de se encontrar com o Senhor no caminho de Damasco, Paulo jejuou três dias antes que Ananias fosse ter com ele (Atos 9:8-9). Paulo jejuou porque o arrependimento profundo envolve renúncia e abstinência. Onde há arrependimento verdadeiro, ali haverá choro e não festa, jejum e não banquete.

3. O jejum está ligado com o poder espiritual
Depois que os discípulos tentaram expulsar o demônio e não conseguiram Jesus disse que há certas castas que só saem com oração e jejum.
Então, os discípulos, aproximando-se de Jesus, perguntaram em particular: Por que motivo não pudemos nós expulsá-lo? E ele lhes respondeu: Por causa  da pequenez da vossa fé. Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível. Mas esta casta não se expele senão por meio de oração e jejum. Mt 17:21
O jejum em si mesmo não tem poder algum. Mas quando estamos de jejum a  nossa oração é intensificada e a fé é liberada e nestas circunstâncias o poder de Deus pode ser liberado. Existe uma profunda ligação entre poder espiritual e jejum. Se nos sentimos vazios e sem poder espiritual, então é tempo de buscar a Deus com jejum e oração.

4. O jejum está ligado a tempos de tribulação
Se o jejum tem a capacidade de liberar a nossa fé, então ele é absolutamente vital em tempo de luta e tribulação. Podemos ver isso em muitos lugares da Palavra de Deus. Quando Hamã se levantou para destruir o povo de Deus, Ester pediu que todo o povo jejuasse três dias pela libertação (Et. 4:16).
A verdade é que o jejum libera um nível novo de fé. O que mais precisamos nos dias de guerra é de fé. Se você está enfrentando um tempo de lutas espirituais faça a proclamação de um jejum na sua casa (Ed. 8:21-23.)
Tocai a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum, proclamai uma assembléia solene. Joel 2:15

5. O jejum ajuda a vencer as tentações
O jejum de quarenta dias que Jesus realizou revela o método mais eficaz de enfrentar Satanás e suas tentações, derrotando-o. 
A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. Mt. 4:1
O versículo dois do capítulo quatro do Evangelho de Lucas declara que:
Durante quarenta dias, sendo tentado pelo diabo. Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome. Lc. 4:2
Quando Jesus foi conduzido ao deserto pelo Espírito Santo para ser tentado pelo diabo, Ele entrou em um tempo prolongado de oração e jejum por quarenta dias. Sabemos que o Senhor não faz nada por acaso. Então podemos dizer que sem esse tempo de Jejum ele não poderia vencer aquelas tentações.
Há certos tipos de pecados que nos assediam de forma tão extraordinária que eles somente podem ser vencidos com jejum e oração. Foi o Senhor quem disse: Esta casta não pode sair senão por meio de oração e jejum. Mc. 9:29

6. O jejum está associado com a Intercessão
A grande oração de intercessão feita por Daniel foi acompanhada de jejum e pranto (Dn.9:3, 10:2,3).
O segundo período de quarenta dias de jejum de Moisés tinha como objetivo a intercessão pelo povo, por causa do pecado que haviam cometido contra Deus e a ameaça de destruição. Dt. 9:18-20 
Aqueles que provam da intimidade com Deus serão dominados pelo mesmo amor e compaixão pelos perdidos. O jejum está profundamente relacionado com o nosso encargo de orar pela salvação dos amigos e parentes que ainda estão sem Cristo. Sentenças de morte podem ser revogadas, transgressões podem ser perdoadas e os corações podem ser transformados quando intercedemos diante de Deus em jejum.

7. O jejum nos ajuda a crescer na vida cristã
O jejum não é um mandamento, mas Jesus diz que ele faria parte de nossas vidas assim como a oração e a contribuição. No capítulo 6 de Mateus quando Jesus dava a constituição do reino ele falou de três coisas que todo discípulo deveria fazer e ensinou a maneira correta de fazê-las. Ele disse: 
  • “Quando deres...”(v. 2); 
  • “Quando orardes...” (v. 5) e 
  • Quando jejuardes...” (v. 16). 
Ofertar, orar e jejuar são as três dobras de uma corda espiritual que não pode se romper (Ec. 4:12). Essas três coisas quando praticadas juntas produzem solidez na vida do discípulo. Todos concordam com a importância  da oração, alguns ofertam sistematicamente, mas muito poucos cristãos realmente possuem a disciplina do jejum. Precisamos apenas nos lembrar que se Jesus, que podia todas coisas, teve de jejuar, muito mais nós teremos de jejuar para romper com as cadeias espirituais.
Mateus 9:15 é a passagem mais importante sobre jejum. Ali Jesus afirmou que quando o noivo fosse retirado então os convidados jejuariam. Hoje é o tempo em que o noivo nos foi tirado, portanto, hoje é o tempo em que devemos jejuar.
Paulo é para nós um modelo e ele também diz que o jejum era parte integrante de sua vida cristã (II Cor. 6:5).

8. O jejum intensifica a nossa comunhão com Deus
Lucas 2:37 afirma que Ana não saía do templo, mas adorava noite e dia em jejuns e oração. O jejum é uma grande ferramenta para aumentar nossa sensibilidade espiritual e assim propicia a comunhão mais íntima com o Senhor.
Atos 13:2 também diz que os líderes da igreja de Antioquia serviam a Deus com jejuns. Não podemos dizer que servimos a Deus da maneira do homens de Deus do Novo Testamento se não jejuamos (At.13:2).
O jejum intensifica a nossa comunhão com Deus por meio da oração e também demonstra a intensidade do nosso desejo por aquilo que estamos buscando diante de Deus. Se jejuamos para buscar intimidade isso mostra que ansiamos pelo Senhor mais do que pela comida.
Em I Coríntios 6 Paulo diz que o Cristão não deve ser dominado por coisa alguma.
Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. I Cor. 6:12
O jejum é uma forma de disciplinarmos nosso corpo para não sermos dominados por coisa alguma. Alguns gostam de afirmar que não conseguem viver sem isso ou aquilo, mas um cristão só pode dizer que não vive sem o Senhor. Precisamos esmurrar o nosso corpo e o reduzir a escravidão para sermos aprovados diante de Deus (I Cor. 9:27, Sl. 35:13).
Certamente não há nada mais grandioso que permanecer na presença poderosa de Deus Pai. Mas essa intimidade profunda está disponível somente para aqueles que deixam até mesmo as necessidades mais básicas da vida a fim de se concentrarem inteiramente em Deus.

9. O jejum nos ajuda a receber a Palavra
“Eu te darei todos os mandamentos,  estatutos  e juízos que tu lhes hás de ensinar..”. Dt 5:31
A coisa mais importante na vida de um homem de Deus é receber a Palavra viva do Senhor. Não podemos falar da parte de Deus, se não recebemos a sua Palavra revelada. O jejum é a maneira de Deus para nos prover de toda instrução e revelação espiritual.
Moisés foi chamado para o monte para receber a revelação da palavra de Deus, mas para isso ele deveria subir em jejum. Dt. 9:9-10

10. A disciplina do jejum nos protege do erro
Paulo se referindo aos falsos mestres diz que “o destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre (estômago), e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas (Fp 3:19). Temos de ter cuidado para não permitir que o estômago comande a nossa vida e seja o nosso deus. Alguns, na verdade, obedecem o estômago mais do que o próprio Deus.
Comer em si não é uma coisa má e não é o inimigo.  Mas quando o desejo de comer está acima de tudo ele se torna um perigo.  Um desejo mais forte de comer do que buscar a Deus torna-se um inimigo.  Você pode abrir mão de uma refeição para gastar tempo com Deus?
Quantas vezes nós temos faltado nosso tempo com Deus porque acordamos atrasados e decidimos tomar café da manha em lugar de ler a Bíblia?  Pois é.   Quem é o seu Deus?
Eu creio que uma vez que você decide jejuar o Senhor lhe dará uma graça especial para chegar ao fim, porque o Senhor olha o coração. Mas você terá de tomar a decisão de tirar o seu estômago do trono e isso envolve disciplina. Não existe discipulado sem disciplina e não existe disciplina mais importante que o jejum.
Uma vez eu ouvi alguém dando um conselho dizendo para uma moça que o caminho para o coração de um homem passa pelo seu estômago. Eu imagino  que isso seja verdade e que o diabo sabe disso também.
Existem muitos exemplos bíblicos que mostram o quanto a indisciplina com a comida pode ser negativa. Desde o princípio, por exemplo, nós sabemos que o homem caiu pelo estômago. Você e eu sabemos que o homem só caiu no Édem por que ele viu que “a árvore era boa para se comer e agradável aos olhos” (Gn. 3:6). O estômago foi o primeiro a cair. Foi depois de uma refeição agradável que o homem se escondeu no meio das árvores do jardim. E hoje sofremos as consequências do apetite deles.
Um outro exemplo é Sodoma e Gomorra. Nós sempre pensamos que o pecado de Sodoma e Gomorra estava relacionado com sexo e perversões. Isto  certamente está em Gênesis, mas nem todos sabem que a comida foi também uma causa. Ez. 16:49-50. 
Veja as três causas aqui: soberba, fartura de pão e próspera tranquilidade. A  história sempre se repete, onde há ociosidade e fartura de comida ali surgirá a sensualidade e toda sorte de dissolução.
Você também já deve ter ouvido falar de Esaú, o irmão de Jacó. Ele perdeu a bênção por causa de um prato de comida.
Jacó possuía muitos erros, mas no fim recebeu a bênção no lugar de Esaú. E porque Esaú perdeu a bênção? Ele talvez fosse uma pessoa melhor do que Jacó, mas era escravo do seu estômago. (Gn. 25:32 e 34).
O autor de Hebreus nos adverte para não sermos como Esaú que foi chamado de impuro e profano. Hb. 12:16. 
Trocar coisas espirituais por comida é se tornar impuro e profano aos olhos de Deus. 
Por fim todos conhecemos o exemplo do povo de Israel murmurando no deserto. Depois que Deus libertou o povo da escravidão do Egito ele os conduziu para o deserto onde por quarenta anos os sustentou com o maná. Eles nunca ficaram doentes, porque era uma comida perfeita dos céus. No entanto a Bíblia diz : Nm. 11:4-6.
Deus ouviu a reclamação deles e, como qualquer filho pode testemunhar, não é uma boa ideia reclamar da comida da mãe. Então o Senhor disse: Nm. 11:18-20. E eles comeram até se empanturrarem, mas enquanto ainda estavam com a carne entre os dentes veio o juizo sobre eles e muitos morreram (v. 33).
Deus tinha bênçãos sobrenaturais para os israelitas no deserto, mas eles preferiram seus apetites do corpo. Muitos não têm recebido mais de Deus porque ainda são governados pelo rei estômago. Deus quer derramar suas bênçãos sobrenaturais em nossas vidas, mas precisamos entender que ele deseja que jejuemos e oremos.

Sem comentários:

Enviar um comentário