quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Décimo Oitavo Dia Algumas perguntas - Jejum De Daniel

A justificação é pela fé ou pelas obras?
Eu tenho duas convicções que se cruzam. Por um lado, eu acredito que o batismo não é
necessário para a salvação, caso contrário, ele torna-se uma obra. Por outro lado, eu acredito que a fé sem o batismo não é realmente uma fé genuína.
Como conciliar essas duas verdades? Quando cremos no evangelho, espontaneamente a
resposta ao Espírito em nós é desejar o batismo nas águas. Um crente não batizado é uma
contradição de termos. Se alguém diz crer e não quer ser batizado, sua fé é morta. Uma fé assim
não pode salvá-lo. Não estou dizendo que o batismo salva, estou afirmando que quem crê
genuinamente esse será batizado.
Creio que o batismo e a fé servem de ilustração para explicarmos a surpreendente afirmação feita
por Tiago a respeito da justificação pela fé. Quando comparamos o que Tiago disse no capítulo 2
de sua carta, dos versos 14 a 26, com o que Paulo ensinou sobre justificação, parece haver uma
contradição entre os dois. Paulo diz:
Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo
Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e
não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado (Gl 2.16).
Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei (Rm
3.28).
E Tiago diz:
Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso,
semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados
do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos,
sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? Assim, também a fé, se
não tiver obras, por si só está morta. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me
essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé. Crês, tu, que Deus é um
só? Fazes bem. Até os demônios crêem e tremem. Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato,
de que a fé sem as obras é inoperante? Não foi por obras que Abraão, o nosso pai, foi justificado,
quando ofereceu sobre o altar o próprio filho, Isaque? Vês como a fé operava juntamente com as
suas obras; com efeito, foi pelas obras que a fé se consumou, e se cumpriu a Escritura, a qual diz:
Ora, Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça; e: Foi chamado amigo de Deus.
Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente. De igual modo, não foi
também justificada por obras a meretriz Raabe, quando acolheu os emissários e os fez partir por
outro caminho? Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras
é morta (Tg 2.14-26).
Os mestres da Palavra oferecem três soluções para essa aparente contradição:
1. Tiago está combatendo o ensino de Paulo.
2. Tiago está combatendo o entendimento libertino da doutrina da justificação pela fé.
3. Paulo e Tiago lidam com diferentes problemas e, assim, não há contradição.
Como nós cremos que o Novo Testamento foi inspirado por Deus, é inadmissível supor que há
contradição entre o ensino de Tiago e o de Paulo. Assim, descartamos a primeira possibilidade.
Uma vez que Tiago provavelmente foi escrito antes de Romanos, então a segunda possibilidade
parece ser improvável. Isso deixa a terceira opção como a mais satisfatória: Paulo e Tiago estão
tratando de problemas diferentes.
O problema que Paulo enfrentava era o da oposição de pessoas que confiavam que poderiam ser
salvas guardando a lei. Assim, ele ensinava que a pessoa era justificada pela fé à parte das obras
da lei. Isso significa que as obras da lei não podem comprar a salvação.
Tiago, porém, estava combatendo pessoas inclinadas a pensar que uma fé meramente intelectual
nas verdades do cristianismo era suficiente para a salvação. Ele diz em Tiago 2.14: “Meus irmãos,
qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé
salvá-lo?”. Tiago responde a essas pessoas dizendo: “A fé sem obras é morta” (v. 26).
Precisamos, porém, entender que as obras sobre as quais Tiago escreve não são as mesmas que
Paulo tinha em mente. Paulo sempre usa a expressão “obras da lei” quando diz que somos
justificados à parte das obras (Rm 3.20,28; Gl 2.16). Quando, porém, Tiago fala de obras, ele não
as chama de “obras da lei”, mas simplesmente “obras”.
Por que essa distinção é importante? Paulo chama de obras aquilo que alguém faz para ter justiça
própria. Mas aquelas obras que são feitas no espírito e provenientes do amor de Deus ele chama
de obras de fé. Essas obras somente podem ser feitas por quem é justificado pela fé. As obras da
lei, por outro lado, são um estorvo, porque impedem o homem de ver a si mesmo como injusto e
necessitado da justificação.
Quando Tiago diz que ninguém pode ser justificado pela fé que não tem obras, ele não está
dizendo algo diferente de Paulo. Em Gálatas 5.6, Paulo disse que, “em Cristo Jesus, nem a
circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua [que tem obras] pelo amor”.
Isso indica que a fé atua, tem obras. Paulo também ensinava que a verdadeira fé se expressa
com obras coerentes.
Quando Tiago diz que Abraão foi justificado pelas obras ao oferecer Isaque sobre o altar (v. 21),
não está negando que Abraão foi realmente justificado muito tempo antes que isso ocorresse. Em
Gênesis 15.6, lemos que “Ele creu no Senhor, e isso lhe foi imputado para justiça”. O ponto que
Tiago focaliza é que “foi pelas obras que a fé se consumou” (v. 22), ou seja, a obra de oferecer
Isaque revelava que a fé pela qual Abraão havia sido justificado era uma fé verdadeira. Essa obra
mostrava que a fé de Abraão era genuína.
Dessa forma, podemos dizer que a justificação é pela fé, no entanto a fé precisa se expressar por
meio de obras para ser genuína. É o mesmo que dizer que não somos salvos pelas obras, mas
somos salvos para as obras.
Há alguma contradição entre a visão dos vencedores e a graça de Deus?
Evidentemente, não há contradição alguma. O amor de Deus por nós permanece sempre
inalterado. Não há nada que possamos fazer para Ele nos amar mais e não há nada que façamos
que O leve a nos amar menos. Essa é a graça de Deus. No entanto, precisamos ter claro em
nossa mente que, ainda que Deus nos ame, isso não significa que Ele está contente com o nosso
comportamento. Veja o que Paulo diz em 2 Coríntios 5.9,10:
É por isso que também nos esforçamos, quer presentes, quer ausentes, para lhe sermos
agradáveis. Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que
cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.
Veja que Paulo se esforça para ser agradável a Deus. Em outras palavras, ele se esforçava para
agradar a Deus. Isso significa que nem sempre agradamos a Deus. E por que Paulo se esforçava
para agradá-lo? A resposta é porque todos nós compareceremos perante o tribunal para receber
segundo o bem o mal que tivermos feito. É nesse dia que alguns crentes serão recompensados e
outros não.
Paulo está dizendo que isso não anula o evangelho da graça. Sabemos que a salvação é uma
questão de fé, mas a recompensa do reino é uma questão de obras. Fomos salvos pela graça
para as obras, no entanto até mesmo as obras precisam ser feitas pela graça de Deus. Fazemos
as obras pelas graça quando dependemos completamente do Senhor e da força do Espírito para
realizá-las.
Algumas pessoas, depois de compreenderem a graça de Deus, concluem: “Agora, não preciso
fazer mais nada para Deus!”. Entretanto, a conclusão de quem realmente conhece a graça é:
“Agora, posso fazer a obra de Deus porque o Seu poder reside em mim!”. Antes, eu nem ousava
liderar porque vivia debaixo da acusação de que não sou digno, mas agora que entendi a graça
eu vou servir ao Senhor. O problema é que alguns pensam que a graça nos libera de servirmos a
Deus. Dizem: “Estou na graça, agora não preciso fazer nada”. Mas isso é uma perversão da graça
de Deus.
A graça me libera para fazer a obra de Deus. Antes, eu vivia debaixo de acusação e medo, mas
agora estou em paz com Deus e, nessa paz, posso testemunhar e liderar uma célula. Antes, eu
me sentia acusado e não tinha ousadia para orar com um enfermo ou expulsar demônios, mas
agora sei que Cristo é a minha justiça e eu tenho autoridade por causa da obra completa do
Senhor na cruz.
O vencedor não é somente aquele que faz algo para Deus na vida da igreja, o vencedor é
principalmente aquele que vence o diabo, a carne e o mundo. Mas ele o faz pela graça de Deus, e
não pelo esforço próprio. Apocalipse 12.11 diz que “Eles, pois, o venceram por causa do sangue
do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho”. O vencedor sabe que, sobre ele, não há mais
nenhuma condenação, por isso ele é livre para servir a Deus. Ele não confia em sua justiça
própria para saber que tem autoridade sobre o diabo, mas confia na justiça de Cristo que lhe foi
transmitida.
Você tem vivido debaixo de cobranças em todas as áreas de sua vida, seja profissional, familiar
ou espiritual. Você sente que não tem conseguido responder como acha que deveria e o resultado
tem sido culpa e depressão. Você se sente acusado. Eu ouso dizer que todo o seu problema se
resume nisso: sentimento de condenação e acusação.
Você é como uma planta que está doente. A doença está nas raízes. Existem raízes mais
superficiais que podem ser desenterradas facilmente, mas existe uma raiz principal mais profunda.
Não se prenda às raízes superficiais. A duas raízes superficiais mais comuns são o stress e o
medo. Certamente, você tem tido muito stress por causa do acúmulo de serviço no trabalho
profissional e dos cuidados da casa. Além disso, o medo de não ser aceito, aprovado ou elogiado
tem deixado você num verdadeiro pânico. Stress e medo são ruins, mas não são a raiz mais
profunda. A raiz mais profunda é a culpa, o sentimento de condenação. O stress e o medo
procedem da condenação e da culpa.
A única maneira de vencermos a culpa e a condenação é crendo e confessando o poder do
sangue de Jesus para nos perdoar. O trabalho do diabo é seduzir e acusar. Se queremos ser
vencedores, precisamos derrotá-lo nessas duas artimanhas.
O problema é que, quando se sentem acusadas, as pessoas pensam que o culpado é a igreja e
sua visão de crescimento, mas o verdadeiro acusador é o diabo. A igreja diz que você pode
liderar, que você é capaz em Cristo. Mas o diabo o acusa dizendo que você não tem força e nem
qualificação para isso. O problema não é a igreja, ela acredita em você e o desafia a avançar. O
problema é o diabo, que o acusa. Não tente se livrar da acusação simplesmente se omitindo na
obra de Deus. Vença o acusador e faça a obra de Deus.
Não nos tornamos vencedores ficando passivos em casa porque estamos na graça. Tornamo-nos
vencedores porque, pela graça, recebemos tudo o que é necessário para realizarmos a obra de
Deus.
A visão da igreja não envolve muita cobrança? Isso não anula o descanso na graça de Deus?
De fato, procuramos desafiar todos a serem discípulos vencedores. Muitos, porém, se sentem
acusados por não conseguir corresponder. Por causa diss, muitos querem se livrar da célula e da
igreja, porque pensam que a igreja é a fonte de condenação, mas não é. A igreja acredita em
você, mas o diabo diz que você não é capaz, e, por acreditar no diabo, você pensa que a igreja
está fazendo uma cobrança descabida.
Você não é derrotado por não fazer coisas, você é derrotado por acreditar que toda essa
condenação vem dos irmãos. Vença a condenação confessando o poder que há no sangue e
você fará a obra com paz e alegria.
O problema não é a visão da igreja, é a culpa. Você precisa separar dois conceitos importantes.
Por um lado, você é salvo e justo por causa da obra perfeita do Senhor; por outro lado, você
precisa agora responder como discípulo e manifestar as obras de Deus. Mas nós não fazemos
obras pelo nosso esforço humano, nós as fazemos na dependência e graça do Senhor. Também
não fazemos obras para ser aceitos pelo Senhor, pois já fomos feitos filhos. Toda a nossa obra
precisa ser resultado do nosso amor pelo Pai e de nossa vida abundante em Cristo.
Qual a diferença entre o Espírito Santo trazendo convencimento do pecado e o acusador
trazendo acusação e condenação?
Na verdade, o Espírito não precisa mais convencer o crente a respeito do seu pecado. Nós já
nascemos de novo e o nosso espírito possui uma função chamada consciência. Todo crente
possui uma consciência em seu espírito e imediatamente ele sabe quando fez algo fora da
Palavra de Deus. Ninguém precisa de uma revelação especial para saber que pecou.
O Espírito Santo, na verdade, está trabalhando hoje para convencer o crente de que ele é justo
em Cristo. Mesmo quando você falha, Ele está sempre presente para lembrá-lo de que você é
purificado pelo sangue do Cordeiro. O que realmente precisamos é que o Espírito Santo nos dê
revelação de que Cristo é a nossa justiça. Quando falhamos, precisamos ser lembrados que ainda
somos justiça de Deus em Cristo. Crer que Deus ainda nos vê como justos mesmo quando
erramos precisa de uma grande revelação do Espírito Santo. A justificação pela fé somente pode
ser entendida pela revelação do Espírito.
João 16.8 diz que o Espírito Santo veio para convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo.
Observe que Ele veio para convencer o mundo. E mesmo assim não é convencê-lo de cada
pecado no plural, mas do pecado no singular. O pecado é a descrença na obra de Cristo. Esse
versículo, portanto, não se refere aos crentes, mas aos incrédulos. Mas o verso seguinte
complementa quando o Senhor diz aos discípulos: “[...] da justiça, porque vou para o Pai, e vós
não me vereis mais”. Observe que aqui Ele estava falando com os discípulos.
Por que precisamos ainda ser convencidos da justiça? Simplesmente porque pensamos que
somos justo quando fazemos coisas corretas, mas o ser justo é permanecer justo diante de Deus
por sustentar uma fé correta no sangue de Jesus. O que nos faz justos não é o nosso
comportamento, mas a fé na obra de Cristo na Cruz. Somos justificados por fé, e não por bom
comportamento.
O Espírito Santo é o ajudador. Ele foi enviado para ajudá-lo, e não para importuná-lo. Ele não é
um sujeito implicante que veio para atormentá-lo o tempo todo.
Falar da graça não vai estimular as pessoas a viverem no pecado?
O poder para sujeitar o pecado reside no conhecimento de que você é justo. Se você luta contra o
pecado pensando que ainda é um pecador sujo e corrompido, continuará a viver como um
pecador corrompido. Mas quanto mais você entende que é justificado independente de suas
obras, mais você irá viver de acordo com essa verdade.
Lembre-se de que uma crença correta conduz a um viver correto. Sua vida é o resultado do que
tem sido guardado em seu coração. Se você deseja mudar sua vida, a solução não é mudar suas
circunstâncias, mas mudar aquilo em que você crê.
Cada problema que você tem enfrentado é o resultado de alguma crença errada. Quando você
conhecer a verdade da Palavra de Deus a respeito de cada aspecto da sua vida, essa verdade vai
libertá-lo.
Um crente que verdadeiramente encontrou o completo perdão de Jesus e a perfeição de sua obra
consumada na cruz jamais desejará viver no pecado. É a graça e o perdão que nos dão o poder
para subjugar o pecado. Paulo disse que o pecado não terá domínio sobre nós porque não
estamos debaixo da lei, mas da graça.
Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça (Rm
6.14).
Não é a graça que nos faz pecar, mas a lei. Um grupo de crianças brincando na rua nunca pensou
em invadir uma determinada casa. Mas quando aparece uma placa na frente da casa escrito:
“Não entre! Não ultrapasse!”, imediatamente esse grupo de meninos desejará entrar na casa. Eles
serão tomados de uma curiosidade irresistível.
O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei (1 Co 15.56).
Você já deve ter encontrado pessoas vivendo no pecado e mesmo assim afirmando que vivem na
graça. Mas isso é uma mentira. Ninguém que esteja vivendo no pecado está sob a graça e nem
mesmo experimentou a graça do perdão, porque a graça sempre resulta em vitória sobre o
pecado. A Bíblia diz que o pecado não tem domínio sobre nós quando estamos debaixo da graça.
Então, se alguém está vivendo no pecado, definitivamente tal pessoa não está debaixo da graça.
Até mesmo os nossos pecados futuros foram perdoados?
E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa
carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos (Cl 2.13).
Quando Cristo morreu na cruz, você nem sequer tinha nascido ainda. Portanto, naquele momento,
nossos pecados eram futuros pecados. Dessa maneira, o perdão dos pecados foi conquistado por
uma única obra, o sacrifício da cruz. O sangue de Jesus perdoou todos os nossos pecados:
passados, presentes e até mesmo os futuros. Infelizmente, muitos acreditam que, no dia em que
aceitamos a Jesus, os nossos pecados até aquele dia são perdoados, mas, daquele ponto em
diante, a questão da santidade é por conta deles. Mas isso não é assim. Todos os nossos
pecados já foram perdoados na cruz.
É como se estivéssemos assistindo a um desfile. Ali sentados na arquibacanda, podemos ver um
bloco passando após o outro, mas se estivéssemos num helicóptero sobrevoando o desfile,
poderíamos ver todo o desfile ao mesmo tempo. Do nosso ponto de vista, um pecado é perdoado
depois do outro à medida que os cometemos, mas do ponto de vista de Deus, todos os nossos
pecados já foram perdoados.
Será que isso significa que não precisamos mais confessar nossos pecados?
Certamente, não precisamos viver com o pensamento neurótico sempre procurando por pecado
em nós mesmos. Se houver pecado em nós, simplesmente nos lembraremos dele, e quando
lembrarmos, devemos confessar e deixar.
Precisamos confessar para podermos mudar de conduta e hábito. Já somos filhos perdoados,
mas precisamos confessar para que não haja nada em nossa consciência que bloqueie a nossa
comunhão com Deus. Precisamos confessar, ou seja, reconhecer que pecamos, para não sermos
disciplinados pelo Pai.
Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e
a sua palavra não está em nós (1 Jo 1.9,10).
Se você faz algo errado contra o seu pai – não cumprindo as suas expectativas –, você atrapalhou
a comunhão, mas você ainda é seu filho. Aquela comunhão é atrapalhada até você admitir ao seu
pai que você errou. É assim que funciona com Deus, sua comunhão com Ele é atrapalhada até
você confessar aquele pecado. Só então a comunhão é restaurada.
Mas isso não significa que estamos debaixo de condenação. Algumas vezes, podemos entristecer
o Espírito, mas jamais cairemos debaixo da ira e da condenação de Deus. Paulo diz que “agora,
pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1).
Confessar o pecado também não significa que devemos viver em introspecção constante sempre
procurando pelo pecado em nossa vida. Não somos nós mesmos quem nos sondamos, mas o
Espírito nos sonda e depois traz luz sobre o nosso coração. Ficar o tempo todo se examinando
produz doença na alma e destrói completamente a fé. A introspecção é uma atitude carnal de
tentar se justificar diante de Deus, pois, depois de se analisar e não ver nada de errado, a pessoa
pensa que está bem com Deus por causa disso. Isso é mérito humano. Nós só estamos em paz
com Deus por causa da obra de Cristo, e nunca por causa de nosso bom comportamento.
Paulo não diz que devemos examinar a nós mesmos? Não corremos o risco, por exemplo, de
tomar a ceia indignamente?
Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e
do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do
cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão por
que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem (1 Co 11.27-30).
Infelizmente, muitos acreditam que tomar a ceia indignamente é participar da ceia tendo pecado
em sua vida. Por causa disso, muitos temem ficar doentes e até morrer. Pastores exortam seus
membros a terem cuidado antes de participar da ceia e perguntam: “Será que vocês são dignos
de tomar a ceia hoje?”. Essa é uma situação problemática. Os irmãos ficam numa sinuca onde
qualquer resposta que derem será ruim diante de Deus.
Se avaliarem sua vida e concluírem que são dignos e que podem tomar a ceia, estarão confiando
em sua justiça própria, o que os torna reprovados diante de Deus. Mas se, depois de se
avaliarem, eles concluírem que são indignos, pois têm pecado e por isso decidiram não participar
da ceia, estarão desprezando a eficácia do sacrifício de Cristo na cruz. É uma situação ruim
causada por um ensinamento errado.
Não é isso que a Bíblia ensina. Participar indignamente não se refere a você não ser digno de
participar da ceia por causa dos seus pecados. Ninguém é digno de tomar a ceia. O Senhor
morreu por pessoas indignas. Observe que Paulo diz: “[...] aquele que comer o pão ou beber o
cálice do Senhor, indignamente”. A palavra “indignamente” é um advérbio que se refere à forma
como participamos da ceia. Se fosse a palavra “indigno”, então se referiria a mim, mas não é esse
o caso.
Participar indignamente é falhar em discernir que o pão representa o corpo de Cristo e o cálice
representa o sangue de Jesus. Muitos irmãos na igreja de Corinto estavam comendo o pão
apenas porque estavam com fome e outros bebiam o vinho até se embriagar. O problema todo era
o desrespeito e a falta de compreensão do sentido da ceia.
Portando, tomar de modo indigno não tem a ver com você falhar em examinar-se a si mesmo e
confessar seus pecados antes da ceia, de modo a ter certeza de ser digno de participar. Tem a ver
com o modo como a pessoa participa da mesa do Senhor.
Eu creio que Paulo diz que muitos estão fracos e doentes e outros até já morreram simplesmente
porque não puderam desfrutar da cura que há no corpo de Cristo. Se eles tivessem discernido o
significado do pão que é o corpo de Cristo, eles teria entendido que, pelas Suas pisaduras, nós
somos curados. Se tivessem entendido, eles teriam tido fé para receber a cura.
O grande problema desse conceito errado é que ele se estende para todas as áreas de nossa
vida espiritual. Se pedimos para alguém liderar, ele vai primeiro se examinar para ver se é digno.
Se o mandamos orar com um enfermo, ele vai primeiro sondar a si mesmo e ver se é digno. Se
pedimos que ele ore para expulsar o demônio de alguém, ele vai parar para ver se é digno. Se ele
concluir que é digno, estará confiando em sua justiça própria e não terá resultado algum. Se ele
concluir que não é digno, não terá fé para fazer o que foi pedido. Somente aqueles que creem que
foram justificados pelo sangue de Jesus são úteis a Deus. Eles sabem que nada é pela justiça
deles e tudo procede da força de Deus que é residente em nós pelo Espírito Santo.
Infelizmente, nas igrejas onde se fala muito de graça, as pessoas se tornam sem compromisso. O
ensino da graça não precisa ser equilibrado?
Nunca devemos pensar que equilibramos a graça falando da lei. A lei é o ministério da morte, mas
a graça é a nova aliança que nos dá vida. Não equilibramos a vida com morte. Todavia,
precisamos ter cuidado com aqueles que falam de uma outra graça que não é a do Senhor. O
primeiro tipo é aquele que pensa que a graça é provisão para a falta de compromisso com Deus e
com a igreja. Tal pessoa não entende e nunca provou a graça de Deus.
Um segundo tipo é aquele que ensina o universalismo. Eles dizem que, por causa da graça, todos
já estão salvos, quer creiam em Cristo ou não. Isso é algo demoníaco. A Palavra de Deus nos
mostra que a graça é uma pessoa. A graça é Cristo.
Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre graça. Porque a lei foi dada por
intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo (Jo 1.16,17).
Cristo é o suprimento para todas as nossas necessidades. Aqueles que vivem segundo a lei
exaltam as pessoas bem-sucedidas no evangelho porque presumem que elas são mais santas e
por isso mesmo são mais abençoadas. Mas aqueles que conhecem a graça sabem que homem
nenhum pode ter coisa alguma se não for pela graça. Não exaltam homens porque sabem que
tudo provem de Cristo.
--
Pr. Aluizio A. Silva

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