domingo, 1 de fevereiro de 2015

Quém é Quem Dentro da Igreja



Introdução

A palavra-chave da terceira carta de João é a palavra “testemunho” (v. 3,6,12). Isso significa que cada cristão é uma testemunha. Alguns possuem um bom testemunho, outros são testemunhas ruins, mas todos os salvos são testemunhas.

As duas últimas epístolas de João tratam da vida da igreja. Paradoxalmente, a segunda epístola mostra que não devemos receber todos entre nós. Sobre os falsos mestres, ele diz: “Não os recebais em casa, nem lhes dei as boas-vindas” (v. 10). Mas agora, em sua terceira epístola, ele exorta a igreja por não ser hospitaleira com os homens de Deus, por não os receber e nem lhes dar acolhida: (3 Jo. 1-15).

Três pessoas estão em evidência nesta carta. O primeiro é Gaio, que é mencionado no verso primeiro; o segundo é Diótrefes, mencionado no verso 9; e o terceiro é Demétrio, que é citado no verso 12. Esses três personagens são para nós advertências espirituais. Eles são símbolos que representam três tipos de crentes dentro da igreja.

Na igreja local, existem diferentes tipos de cristão. Há aqueles maduros, mas há também os bebês espirituais que ainda são neófitos. Existem os crentes fiéis, mas existem também os infiéis. Há aqueles que são cheios do Espirito e aqueles que ainda vivem na força da carne. Há aqueles que querem trabalhar para Deus e também aqueles que querem ficar indiferentes, apenas observando enquanto outros fazem. A pergunta para nós hoje é simples: você é parte de que grupo? Você é parte da solução ou do problema?

1.   GAIO, UM SERVO (vv. 1-8)

Por três vezes, João chama Gaio de homem “amado” (vv. 1,2,5). Evidentemente, João era alguém amoroso, mas Gaio certamente era um homem especial. Creio que Gaio era alguém fácil de ser amado. As pessoas se afeiçoavam a ele facilmente. Sua bondade, seu amor, seu testemunho e sua vida eram como um aroma que atraía as pessoas ao seu redor.

É maravilhoso quando há muitos irmãos amáveis no meio da igreja. E, quando digo amáveis, estou falando que são fáceis de serem amados. São pessoas cheias de palavra de vida e de fé, sempre falando de forma positiva, mostrando as coisas do céu. Você é fácil de ser amado? Ou você é sempre tolerado pelos outros? As pessoas precisam fazer um enorme esforço para amá-lo? Era fácil amar o irmão Gaio.
No verso 2, João diz que Gaio era um homem cheio de saúde e vitalidade espiritual:
Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma. (v. 2)

Muito mais do que saúde física, muito mais do que dinheiro no bolso, ele tinha uma alma cheia de vida. Mas não quero dizer que ele não era próspero. Esse versículo prova claramente que a vontade de Deus para nós inclui a prosperidade e a saúde física. Não precisamos nos conformar com a miséria nem com a enfermidade.

Algumas pessoas convivem com a pobreza, com a miséria e com a doença como se fossem a vontade de Deus para elas. Não é. Se essa fosse a vontade de Deus, o apóstolo nunca diria: Eu faço votos para que você prospere e tenha saúde”. João está dizendo que a vontade de Deus para Seus filhos é, sim, a prosperidade e a saúde.

Você pode orar pela sua prosperidade com convicção. Você só vai ter aquilo que você abençoa. Enquanto você falar mal de quem é próspero, você não prosperará. Enquanto você disser coisas negativas daqueles que prosperam, você próprio não terá o que eles têm. Fala bem daquele que é abençoado e você experimentará fé para ser abençoado também.

Entretanto, está claro que a riqueza material e a saúde de Gaio não eram tão grandes quanto a sua saúde espiritual. João faz voto para que ele seja tão próspero e saudável quanto era rico da vida de Deus.

Outro dia, alguém me entregou um folheto no qual se revelava o segredo de uma boa saúde. Falavam de saúde física, mas creio que aquilo também se aplica à saúde espiritual. Diziam que o segredo é boa alimentação, exercício regular, boa higiene, descanso e vida disciplinada. É incrível que as mesmas coisas que nos dão saúde física também nos dão saúde espiritual.

Pense comigo. O primeiro item é boa alimentação. Nós sabemos que nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. Se você quiser ter saúde espiritual, precisa comer diariamente a Palavra de Deus, o pão do céu. Depois, diziam que exercício é muito importante. A Palavra de Deus nos manda exercitar na pratica a piedade. Orar é um exercício espiritual, assim como a meditação, a adoração e o jejum.

O terceiro item que mencionavam no folheto para uma boa saúde é ter uma boa higiene. Sabemos que o diabo é imundo assim como são as suas obras. Precisamos eliminar de nossa vida tudo aquilo que é alimento para os insetos demoníacos. Precisamos nos guardar de toda sujeira deste mundo, pois isso será saúde para nós. Nem preciso dizer que a vida cristã é vivida no descanso. Sem a fé que se expressa no descanso, não temos como ter saúde espiritual.

A terceira coisa que João diz a respeito de Gaio é que ele andava na verdade:

Pois fique sobremodo alegre pela vinda de irmãos e pelo seu testemunho da tua verdade, como tu andas na verdade. Não tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que meus filhos andam na verdade (vv. 3-4).

O testemunho dos irmãos a respeito de Gaio é que ele andava na verdade. Era alguém coerente, que tinha realidade espiritual. Não tinha apenas nome de que vivia, mas realmente expressava uma genuína vida espiritual.

Gaio andava na verdade porque a verdade estava dentro dele. E, porque a verdade estava dentro do coração, internalizada, ela podia se fazer carne na vida dele. Em João 1, Lemos que o Verbo se fez carne, tornou-se visível, e esse Verbo era a verdade. Hoje o Verbo habita em nós e novamente quer se fazer carne tornando-se visível em nossa vida.

Vivemos um momento muito sério entre os evangélicos no Brasil. Este tem sido um tempo em que os evangélicos crescem cada vez mais, mas o seu testemunho é cada vez menor. Quando eu me converti, em 1987, só havia uma família evangélica em minha rua. Eu me lembro de ouvir as pessoas dizendo a respeito dos crentes: “Eles são estranhos e fanáticos, mas uma coisa é certa, você pode fazer negócios com eles, porque são honestos”. Não sei se temos esse mesmo testemunho hoje. Temos muitos na igreja que creram na verdade, mas infelizmente não andam nessa verdade.

Hoje somos bons para cantar e para celebrar em nossos cultos, mas não temos sido tão bons em viver a verdade. Devemos fazer a primeira sem omitir a segunda. Às vezes fico desconfortável quando alguém pergunta: “Fulano de tal é da sua igreja?”, ou “Eu conheço um dos seus membros muito bem”.

Eu sempre brinco quando ouço um cântico que diz: Quando estou em Tua presença, dá vontade de pular, dá vontade de gritar, dá vontade de correr [...]”. Mas é curioso que não dá vontade de orar, de jejuar, de ser fiel, de ofertar. Logo, fico pensando que não estou muito na presença de Deus, pois não estou com a menor vontade de correr agora. Nada de errado em correr, saltar, pular. Pode pular o quanto você quiser, o único problema é que isso tem muito pouco efeito no seu testemunho. Alguém pode até dizer: “Você viu aqueles crentes? São muito bons para pular! Como dançam bem!” Mas de que adianta isso?

Um tempo atrás, publicaram no jornal de nossa cidade que o culto da Videira é muito animado, parece até um show de rock. Pensei comigo: não é exatamente esse testemunho que eu gostaria de ouvir. Queria ouvir algo como: “Lá eu senti algo diferente! Lá eu senti o poder de Deus! No meio deles, dá para perceber o amor de Deus!”. Mas o que eles notaram foi só a nossa agitação. Glória a Deus pela santa agitação. É muito melhor tê-la do que não tê-la. Mas precisamos sair da superficialidade e avançar para coisas mais elevadas em Deus.

Precisamos ter o bom testemunho da verdade a nosso respeito. Você pode ter certeza de que alguém o está observando. Alguém está olhando seu comportamento. Mas não são apenas os homens, os olhos do Senhor repousam sobre você.

Um casal da nossa igreja estava me contando como é bom ter um enviado de Deus em nossa casa. Eles tinham contratado uma irmã como empregada, porém tinham um mal costume de tratar um ao outro com indelicadeza. Mas agora eles tinham uma irmã da igreja dentro de casa.

O surpreendente é que, depois que a irmã chegou lá, a vida deles mudou. Agora, quando queriam falar de maneira áspera um com o outro, logo diziam: “Fulano, mude o tom de voz porque a irmã chegou!”. “Não diga isso porque a irmã está aqui e vai ouvir!”. Eles estavam um pouco incomodados com isso, mas creio que isso é bênção. A empregada era um anjo de Deus na vida deles. Você deveria dizer o tempo todo: “Fulano, cuidado com as palavras porque o Espírito Santo está ouvindo”. “Fulano, não fale isso porque o Espírito Santo está nos vendo”.

Todavia, como o Espírito Santo é algo muito vago para muitos, Deus coloca uma irmã na casa deles. Pelo menos durante 8 horas por dia, essa irmã é uma bênção em suas vidas.

É bom ter luz sobre nossas vidas, e algumas vezes os irmãos são luzeiros para nós. É comum chamar uma pessoa que acompanha um casal de namorados de “vela”. Quando alguém me pergunta como pode manter seu relacionamento santo, eu sempre digo para colocar luz sobre ele. Coloque uma vela do lado. Quem não tem nada para esconder não se importa com uma vela ou com a luz de um holofote. Mas quem quer viver nas trevas sempre sopra a vela.

Gaio era um homem que obedecia à Palavra de Deus e andava na verdade. Os irmãos davam um bom testemunho do exemplo de Gaio. Será que as pessoas que nos conhecem podem dar um bom testemunho a nosso respeito?

O que levou Gaio a dar um bom testemunho foi a verdade de Deus. A verdade estava nele. Gaio leu a Palavra, meditou na Palavra, deleitou-se na Palavra e praticou a Palavra em sua vida diária.

Por fim, João diz que Gaio era um homem que servia com seu tempo e recursos (vv. 5-8). Ele era cooperador da verdade, ou seja, ajudava as pessoas a fazer a obra de Deus. Hoje estamos desafiando-o a ser um cooperador da verdade. Você pode fazer a obra indo, contribuindo, falando e orando. Gaio abriu seu coração, seu bolso e seu lar para sustentar os pregadores da Palavra de Deus.

Gaio não abriu apenas seu lar, mas abriu também seu coração e seu bolso para dar ajuda financeira aos que pregavam a Palavra de Deus. Ele dava suporte financeiro para que outras pessoas fizessem a obra de Deus (1 Co. 16:6; Tt. 3:13).

Naquela época, existiam pregadores itinerantes. Ainda hoje eles existem, mas naquela época era algo muito importante para a igreja.

Esses pregadores itinerantes iam de igreja em igreja, abençoando os irmãos como o seu ministério. Aqueles que eram mestres chegavam a uma igreja e ficavam meses ali ensinando a Palavra de Deus. Havia também os que eram evangelistas e que também chegavam a uma igreja e ficavam ali por meses. Fazendo o que? Ensinando os irmãos e evangelizar e também evangelizando. O mesmo acontecia com os profetas e apóstolos.

Porém, para esse trabalho acontecer, esses missionários precisavam ser acolhidos e sustentados pela igreja local. Eles precisavam providenciar uma casa e também sustento para si durante todo o tempo em que estivessem ali. E, depois que partissem, era necessário que a igreja também desse uma oferta para que eles pudessem continuar avançando.

João diz a respeito de Gaio: “Eu sei que você faz isso. Você é fiel. Você se dispõe a servir e a receber esses irmãos. Qual é a motivação para essa prática de amor de Gaio?
     Dar sustento aos servos de Deus honra a Deus (v. 6). Nós nos assemelhamos a Deus quando nos sacrificamos para servir a outros. Servir os servos de Cristo é servir a Cristo (Mt. 10:40; 25:34-40)
     Dar sustento aos servos de Deus é um testemunho aos perdidos (v. 7). Jesus ensinou claramente que os servos de Deus merecem suporte financeiro (Lc. 10:7), esse suporte, porém, não deve vir dos incrédulos, mas do povo de Deus. O argumento de João é que os missionários não deveriam receber dinheiro dos pagãos.
     Dar sustento aos servos de Deus é servir a Deus (v. 8ª). O ministério da hospitalidade e do suporte à obra de Deus não é somente um privilégio, mas uma obrigação (Gl. 6:6-10; 1Co. 9:7-11; 2Co. 11:8-9; 12:13). Os missionários que saem para pregar em nome de Cristo e não têm como se sustentar devem ser sustentados pela igreja.
     Dar sustento aos servos de Deus é tornar-se cooperador da verdade (v. 8b). Gaio também tornou-se cooperador para que a verdade chegasse a lugares mais distantes. João havia dito anteriormente que Gaio era próspero, mas agora ele declara qual o propósito da prosperidade. Você sabe qual é o propósito da prosperidade? É para que você possa ser cooperador da verdade. O alvo de prosperar é para contribuir no reino de Deus! Você tem recebido mais para que possa contribuir com generosidade.

2.   DIÓTERFES, UM DITADOR (vv. 9-10)

O segundo personagem que João menciona no texto é Diótrefes, no verso 9:

Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida. Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebê-los e os expulsa da igreja (3 Jo. 1:9)

Diótrefes é o paradigma do crente crítico, que resiste à obra de Deus por causa de sua atitude arrogante e carnal. É aquele que sempre tem uma opinião pretenciosa para dar. Quem era Diótrefes?

No verso 9, João diz que Diótrefes era orgulhos e gostava de ter a primazia. É aquele sujeito apaixonado por si mesmo. O Senhor Jesus não ocupa o primeiro lugar na vida dele, por isso ele não acolhia nem mesmo o apóstolo João. A rejeição possivelmente não era doutrinária, mas pessoal:

Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida. (3 Jo. 1:9)

João diz que gostaria de visitar a igreja, “mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entres eles, não nos dá acolhida” (v. 9). Isso é impressionante. João era um dos doze apóstolos do Cordeiro e, nessa altura, deveria estar com mais de 90 anos. Ele queria pregar, mas Diótrefes não permitia. Simplesmente porque gostava de ter a primazia. Ele estava ávido por posição e poder. Não tinha dado ouvidos às advertências de Jesus contra a ambição e o desejo de domínio (Mc. 10:42-45; I Pe. 5:3)

Diótrefes queria ser o centro das atenções. Ele olhava para João como um rival, e não como um apóstolo de Cristo. Satanás estava trabalhando na igreja através de Diótrefes, porque ele estava operando sobre a base do orgulho e da autoglorificação, as duas principais armas do diabo.

Este é Diótrefes, ele deveria ser conhecido como “Idiótrefes”. Em todo lugar, podemos encontrar alguns Diótrefes. São aqueles que se preocupam mais consigo mesmos do que com o corpo de Cristo. São ávidos por posição, por título, por poder, por ser o centro da atenção, cheios de orgulhos, de autoglorificação. Estas são exatamente as características do inferno, os motivos da queda do inimigo.

Diótrefes também era um líder ditador. Ele impunha sua liderança pela força e pela intimidação. Sua vontade era lei. Ninguém podia ocupar o seu espaço. Cada pessoa que chegava à igreja era uma ameaça à sua liderança. Por isso, ele não dava acolhida a João. Gente como ele se acha dono do espaço, dono de ministérios, sempre chateado porque não é devidamente reconhecido e ninguém o aplaude. Diótrefes bem que poderia ser chamado de um líder ditador.

Uma segunda característica de Diótrefes é que ele gostava de ser projetar falando mal dos outros (v. 10a). Ele chegou até a mentir sobre o apóstolo João. Ele trazia falsas e vazias acusações contra João. Seu prazer era atentar contra a honra daqueles que eram ameaça ao seu orgulho e à sua posição de liderança. Ele espalhava intriga entre os irmãos. (Pv. 6:16-19).

Por isso, se eu foi aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica, proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que querem recebe-los e os expulsas da igreja. (3 Jo. 1:10)

Diótrefes era como o rei Saul: em vez de se humilhar e mudar de vida, ele queria destruir aquele que Deus levantou para fazer a obra. Assim, ele falava mal de João pelas costas quando este não estava presente para defender-se (v. 10a).

Precisamos ter cuidado para não dar crédito a tudo o que ouvimos e lemos sobre boatos espalhados contra os servos de Deus. Eles podem estar sendo espalhados por membros da igreja como Diótrefes.

O que se poderia falar contra João? Ele era um santo homem de Deus, também conhecido como o apóstolo do amor. Mas Diótrefes conseguia achar motivos para suspeitas. Diótrefes está sempre colocando malícia e suspeição nos processos, sempre pensando que alguém quer tirar alguma vantagem ou lucro pessoal. Talvez ele dissesse: “Por que João está defendendo tanto esses missionários que vêm aqui? Será que ele está ganhando alguma coisa com isso? Por que João está incomodando tanto?”.

Palavras maliciosas não são apenas aquelas relacionadas à área sexual. Palavra maliciosa é qualquer palavra que põe em cheque a idoneidade do outro. Este é Diótrefes, espalhava intrigas entre os irmãos baseado em suspeição, presumindo coisas que não eram verdade. João diz que Diótrefes era alguém que se recusava a reconhecer autoridade espiritual (v. 10b).

Ele não apenas não acolhia João, mas também não acolhia as pessoas ligadas a João e, além disso, impedia que os outros membros da igreja acolhessem os enviados pelo apóstolo João. Ele exercia sua autoridade de forma doentia, usando a arma da intimidação. Ele era um líder controlador, manipulador e ditador. Queria controla a vida das pessoas e impor-lhes sua vontade autoritária.

Diótrefes procurava dominar sobre os demais irmãos (v. 10c). Ele controlava a igreja e, se alguém não queria andar de acordo com ele, então estava fora. Se alguém deixa de praticar a Palavra deve ser disciplinado, mas se alguém quer fazer o bem, se quer contribuir, e mesmo assim Diótrefes quer impedir, então temos uma obra diabólica dentro da igreja. Que coisa terrível!

Diótrefes não tinha nem autoridade nem base bíblica para expulsar as pessoas da igreja, mas mesmo assim o fazia. A disciplina que ele praticava era abusiva. As pessoas eram disciplinadas não porque haviam desobedecido à Palavra de Deus, mas porque haviam desobedecido a uma ordem autoritária dele.

Tristemente, a disciplina bíblica pode se tornar uma arma nas mãos de um ditador que procura se proteger. Todavia, para uma liderança fiel, a disciplina é uma ferramenta para promover a pureza na igreja e glorificar a Deus.

Diótrefes difamou a João, tratou como pouco caso os missionários, e excluiu os crentes leais, porque o seu alvo era ter a preeminência. Este é o pensamento de Diótrefes.

Será que existe algum Diótrefes entre nós? Infelizmente, eles estão por toda parte. Mas tenha discernimento quando algum desse tipo chegar perto de você, pois ele vai tentar excluí-lo da comunhão com os demais irmãos. Ele quer excluí-lo do mover que está sobre toda a igreja.

3.   DEMÉTRIO, UM BOM EXEMPLO (vv. 11-15)

Quanto a Demétrio, todos lhe dão testemunho, até a própria verdade, e nós também damos testemunho; e sabes que o nosso testemunho é verdadeiro (3 Jo. 1:12)

A respeito de Demétrio, o que João diz é que ele é um bom exemplo. Há irmãos que não são líderes, como Gaio. São irmãos que não têm proeminência e nem projeção, são apenas irmãos no meio da comunidade. Mesmo sem ocupar nenhuma posição, você pode e deve ser um exemplo.

Quando um líder anda com Deus e vive de forma irrepreensível, ele é digno de ser imitado (Fp. 3:17; 1 Co. 11:1). Ele torna-se modelo, padrão, referencial. As pessoas estão olhando para nós. Elas estão nos copiando. Que tipo de crente estamos sendo? Somos parte do problema ou da solução?

João declara um testemunho tríplice a respeito de Demétrio. Em primeiro lugar, ele tinha um bom testemunho dentro e fora da igreja (v. 12). Todos os membros da igreja conheciam Demétrio, amavam-no e agradeciam a Deus pela sua vida. Sua vida era exemplo para os membros da igreja. Os de fora da igreja também davam bom testemunho dele. Sua vida era coerente. Sua vida familiar, financeira, profissional era coerente com o seu testemunho.

Em segundo lugar, João diz que “a própria verdade dá testemunho de Demétrio” (v. 12). Como é que a própria verdade dá testemunho de alguém? Isso significa que a genuinidade cristã de Demétrio não precisava da prova dos homens, ela provava-se por si mesma. A verdade que ele professava estava encarnada nele. Isso não significa que era perfeito, mas que era consistente, buscando em tudo glorificar a Deus.

A verdade testemunhou a respeito de Demétrio. Como é que a verdade pode testemunhar a nosso respeito? No Salmo 128, por exemplo, lemos que bem-aventurado é aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos. Essa é a verdade. Qual é o testemunho dessa verdade? “Ele vai comer do trabalho de suas mãos, será feliz, e tudo lhe irá bem. Sua esposa, no interior de sua casa, será como a videira frutífera; e seus filhos, como rebentos da oliveira, à roda da sua mesa” (Sl. 128:2-3). O testemunho da verdade é quando você pode ver o resultado da verdade na vida do irmão. O resultado da fidelidade é a bênção de Deus.

João está dizendo que Demétrio era abençoado. Sua vida era próspera em todos os níveis. Ele é elogiado pelos de dentro e pelos de fora, e até os concorrentes reconhecem que ele é honesto. Ele é uma pessoa que tem testemunho da verdade.

Aquele que é genuinamente fiel as bênçãos de Deus o alcançam. Você é abençoado quando entra e quando sai. Você é uma bênção em casa, na igreja e no seu trabalho. Você é abençoado onde põe a mão. Você é abençoado “como árvore plantada junto a correntes de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto faz é bem-sucedido em Deus” (Sl. 1:3). Este é o testemunho da verdade, porque ela testemunha a seu respeito.

Demétrio não tinha apenas um bom testemunho também do apóstolo João (v. 12). Ele tinha o testemunho dos de fora e dos de dentro, tinha o testemunho da verdade e de sua liderança. Você também precisa ter o testemunho de quem anda com você. Seu discipulador e seu líder precisam ver isso em sua vida.

Conclusão.

João encontra na igreja Gaio e Demétrio, que estão prontos a acolhê-lo, a despeito da oposição de Diótrefes. Era um homem que estava disposto a correr riscos para defender a verdade. Ele tinha coragem de assumir posições definidas na igreja:

Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a Deus. (3 Jo. 1:11)

Diótrefes pode até falar bem, ser um bom pregador, mas não imite o que é mau, imite o que é bom, pois aquele que pratica o bem procede de Deus, mas aquele que pratica o mal jamais via a Deus, não passa de um religioso praticando obras.

A pergunta hoje é: quem é quem na casa de Deus? Quem é você na casa de Deus? É Gaio, Diótrefes ou Demétrio?

Deus os abençoe ricamente.

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